Mulher paraibana ocupa vários espaços, mas ainda é a maior responsável pelo larMaisPB

A mulher paraibana tem investido cada vez mais nos próprios objetivos, se empenhando para conquistar o espaço que quer na sociedade. Maioria no estado, o público feminino é conectado, possui formação educacional e também vive quase oito anos mais que os homens, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas as mulheres ainda ocupam boa parte de seu tempo com os afazeres do lar (cerca de 3,3 horas por dia a mais do que homens) e também sofrem mais com a violência doméstica.

As estatísticas do IBGE mostram aquilo que as mulheres vivenciam no dia a dia e, neste dia dedicado à reflexão sobre a conquista feminina, debater esses temas é fortalecer a luta pela equidade de gênero. Luta que começa desde cedo, ainda no acesso à educação, e passa pelo direito de tecer o próprio futuro. Casar, ter filhos, ter uma profissão, ou fazer tudo isso, o importante é o direito de escolha, o que nem sempre acontece.

Na Paraíba, a taxa de desocupação é mais intensa junto às mulheres, com 15,5% contra 10,3% entre os homens. Dentro do grupo feminino, esse indicador é mais forte entre a parcela preta ou parda (15,9%), do que entre a branca (14,4%).

Liderança no mercado de trabalho

O estudo do IBGE ainda verificou que, das cerca de 36 mil pessoas que ocupavam cargos gerenciais no estado, apenas 37,6% eram mulheres. O percentual foi similar à média brasileira (37,4%), mas ficou abaixo da nordestina (40,9%) e mostra que ainda há muito o que avançar.

Entre as mulheres com cargo de liderança está a paraibana Ana Virginia Falcão. Aos 25 anos ela se tornou a primeira mulher a comandar a maior microfranquia de agências de viagens do país e ajudou a elaborar o formato de franquia, que alcançou mais de 540 unidades em 2021 e figura atualmente entre as 50 maiores redes de franquias do Brasil, segundo apurou estudo da Associação Brasileira de Franquias (ABF).

Chegar a um cargo de liderança não é o fim de um objetivo alcançado, é um início de novos desafios e de responsabilidades ainda maiores

Ana Virginia é CEO da Clube Turismo, segunda maior rede de agências de turismo do país

Mas a relação começou quando a empresária tinha 22 anos de idade, ainda como estudante de Turismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e conseguiu vaga para estagiar na empresa que se tornaria a Clube Turismo. A sintonia entre ambas as partes foi imediata. “A identificação com o segmento de agenciamento de viagens, com os dois sócios responsáveis pela agência de viagens local e a liberdade por eles concedida de desenvolver um projeto de expansão do negócio e do agenciamento de viagens, através do sistema de franquias, fizeram-me criar raízes e laços profissionais e afetivos para consolidação desse projeto que impacta fortemente na vida de tantas pessoas”, comenta Ana.

A empresária conta que, ainda como estudante, aos 19 anos, tinha o desejo de conciliar a teoria aprendida na faculdade com a prática que apenas o mercado poderia oferecer. Na época, Ana queria aprender sobre o setor e buscava conhecimento em todas as áreas que envolviam a profissão, estagiou no setor público, em agências de viagens e atuou na hotelaria. Em 2006, recebeu um convite da agência que a havia reprovado no processo seletivo de estágio. Em 2007, foi efetivada como agente de viagens e em menos de 2 anos tornou-se CEO e Co fundadora da empresa Clube Turismo, sendo sócia de uma das unidades franqueadas da Rede que conta com mais de 564 franqueados em todo o Brasil.

Para as mulheres que, assim como ela, querem alcançar esse nível na profissão, Ana Virginia Falcão aconselha: “O ato de fazer o seu melhor sempre, independente do cargo ou função que hoje ocupe, contribuirá para abrir oportunidades que talvez hoje nem existam, mas que você poderá cria-las. O segundo conselho, mas não menos importante, é capacitar-se constantemente. É preciso estar pronta tecnicamente, emocionalmente e disposta a desenvolver novas habilidades principalmente ligadas as relações humanas”, sustenta.

Representação política

As paraibanas também estão representadas na política, mesmo que essa participação ainda esteja aquém da dos homens. Segundo as estatísticas do IBGE, em 2018 a Paraíba teve 159 candidatos para a Câmara dos Deputados. Desses, porém, somente 52, cerca de 32,7%, eram mulheres. Entre essas, aproximadamente 31,4% tiveram receita de candidatura de menos de R$ 100 mil; 30,8% tiveram de R$ 100 mil a menos de R$ 1 milhão e 20% de mais de R$ 1 milhão. E, em 2020, só uma mulher estava em exercício do cargo, entre as 12 cadeiras paraibanas.

Fonte: IBGE

Já em relação às Câmaras de Vereadores do estado, do total de 2.198 posições, mulheres foram eleitas como parlamentares apenas para 349, o que aponta para uma proporção de 15,9%, aproximada da média do país (16%), no entanto levemente inferior à da região (16,7%). Também só há uma senadora. O retrato desse cenário mostra que ainda há muito a evoluir em representatividade das paraibanas.

Mulheres na Educação

Mas se tem uma área na qual as mulheres dominam é a Educação. A pesquisa do IBGE indica que as mulheres eram, em 2019, maioria entre os docentes de ensino superior no estado, representando cerca de 50,4%, a segunda maior proporção do país, igual à do Mato Grosso. Ou seja, dos 10.047 servidores dessa categoria, afastados e em exercício, distribuídos em diferentes instituições de educação, 5.060 eram mulheres.

Caso da professora Jéssica Bezerra, da área de Nutrição. O sonho de ensinar começou ainda na faculdade, mas ela logo entendeu que era necessário ter algo mais. “Para ser professora, hoje em dia, além de saber ensinar tem quer ter a vocação”, comenta. Nutricionista da área clínica, Jéssica destaca a necessidade de levar o lado humano para a sala de aula. “Passo para os alunos que é necessário conviver em sociedade, tolerar o outro, trabalhar em equipe. Isso vem da infância e no ensino superior a gente reforça porque os alunos vão precisar disso o mercado de trabalho”.

Para a professora, ainda há muito o que avançar na valorização do profissional de Educação, mas, apesar disso, é gratificante contribuir para a formação de outras pessoas, assim como é gratificante ver as mulheres conquistando mais espaço nessa área. “Essa conquista feminina a gente já consegue observar no ensino superior, com as mulheres que são professoras, têm especialização, mestrado, doutorado, dentro ou fora do país, bem preparadas e passando seus conhecimentos aos alunos. Também temos uma quantidade muito grande de alunas e essa também é uma conquista”, avalia.

Espero que a mulher entenda importância dessa data e que toda a sociedade entenda a importância desse marco para nós

Professora Jéssica Bezerra ressalta a importância da educação para superação dos desafios

A professora ressalta, contudo, que os desafios são diários. Mãe de duas meninas, uma de cinco anos e outras de seis meses, a nutricionista reconhece o papel do marido e da rede de apoio que tem para conseguir alcançar seus objetivos profissionais e reforça a importância de acreditar em si mesma como ponto de partida. “Espero que as mulheres conquistem mais, estudem mais, que voem mais alto e consigam atingir seus sonhos. Só assim a gente vai conseguir expandir e ter a valorização”, finaliza.

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