Arthur do Val vira “case” e ilustra o livro “Como não ser um babaca”Blog do Noblat

“Isso é coisa de mulher mal comida.” “Uma belíssima profissional, gente boa. Boa demais!” “Ela é mais macho que muito homem.”  “Isso é coisa de feminista.” “Hoje em dia é tudo assédio.” “Ela é fácil, porque é pobre.”

As frases acima reproduzem falas, pensamentos e atitudes machistas do dia a dia. São ataques e violência contra as mulheres. Quase todas essas “aspas” já são bastante difundidas, se assim pode dizer. Exceto uma, a última, que ganhou visibilidade nos últimos dias, num áudio vazado de uma declaração a amigos de futebol do deputado Arthur do Val, o “Mamãe Falei”.

Abaixo, a frase destacada no livro.

Todas essas situações estão reunidas no recém-lançado “Como não ser um babaca”, uma publicação, um livro de 64 páginas, fruto de uma parceria do instituto AzMina com o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis).

Fala diretamente aos machistas. Leve, com ilustração e irreverente. Mas vai ao ponto.

“Chega para ser um toque de amiga e o fim das desculpas que você, homem, tinha para agir como um babaca” – diz já na apresentação.

E simula diálogos, tipo esse:

“Bem, o primeiro passo é assumir que você ainda é um machista”
Mas….
Sem ‘mas’!
Confia!
Escreve aí: eu ainda sou um machista”

Para definir as dezenas de frases, AzMina ouviu diferentes mulheres para destacar quais “elas não aguentam mais ouvir dos homens” e “muitas se repetiram com uma frequência que, olha… sinceramente! E digo mais: tenho certeza de que você já disse pelo menos uma delas”.

O livro ainda “mensura”, numa escala, o quanto machista é um homem, e há uma tabela de pontuação.

“Sempre que você se identificar com alguma coisa que lê aqui, marque um ponto. Essa autocrítica é um ótimo passo.”

As falas machistas foram divididas em 5 categorias de babaquice: 1) babaquice descarada: aquelas frases que todo mundo já sabe que é babaquice (“não vai chorar, hein?! Já ficou bravinha?”); 2) babaquice engraçadinha: quando o machismo vem disfarçado de piada (“quer direito igual, mas não quer troca o pneu, né?”); 3) babaquice bem-intencionada: quando o cara não tem a menor ideia de que está sendo babaca (“só queria te elogiar”); 4) babaquice desinformada: quando a besteira que você está falando pode ser falta de informação e não má intenção (“não sou machista, nem feminista”); 5) e o que não é babaquice, é crime: o que ultrapassa os limites da falta de noção e precisa ser investigado (“hoje em dia tudo é assédio.”).

A frase do “Mamãe falei” se enquadra na quinta categoria, “o que não é babaquice, é crime”.

O “Como não ser um babaca” foi distribuído ontem nos corredores do Congresso e nos gabinetes dos parlamentares. Um lugar simbólico para ser lançado. Apenas 15% da Câmara é composta por mulheres: dos 513, apenas 77 são deputadas. No Senado, também só 15%: 12 senadoras entre os 81.

O livro tenta ajudar e pergunta como desaprender a ser um babaca. E responde:

“Uma dica boa é: naturalize o que parece um problema e problematize o que parece natural (essa é a parte que você grifa. Vai, eu te espero).”