Como a República Machista celebrou o Dia Internacional da MulherBlog do Noblat

Por acaso, o deputado Arthur do Val (Podemos), vulgo Mamãe Falei, havia preparado o ambiente com suas declarações a respeito das mulheres ucranianas – quanto mais pobres fossem, segundo ele, mais accessíveis seriam ao assédio sexual.

Nada a estranhar, portanto, que a celebração pela República Machista de mais um Dia Internacional da Mulher correspondesse ao esperado. Dois projetos importantes para as mulheres a serem votados pelo Senado foram retirados de pauta na última hora.

Um, reservava às mulheres 30% das vagas em diretórios de partidos políticos em todas as instâncias: municipal, estadual e nacional. O outro, a participação de duas integrantes da bancada feminina em comissões permanentes e temporárias do Senado.

Apresentado por Michelle, sua mulher, como o presidente “mais róseo” que o país já teve, Bolsonaro anunciou o projeto que prevê a distribuição gratuita de absorventes. Em outubro do ano passado, ele havia vetado projeto semelhante aprovado pelo Congresso.

O eleitorado feminino é o que mais resiste a votar em Bolsonaro. A continuar assim, ele não se reelegerá. Foi para as mulheres que Bolsonaro discursou em cerimônia no Palácio do Planalto:

“Hoje em dia as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós as auxiliamos, estamos sempre ao lado delas, não podemos mais viver sem elas”.

Não custa recordar que Bolsonaro, eleito presidente, já disse:

“Eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade’…”

Bolsonaro escalou-se para participar de um ciclo de palestras sobre mulheres estrelado apenas por homens – entres eles, os ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). As mulheres poderão assistir.

Para fechar o Dia Internacional das Mulheres, o procurador-geral da República, Augusto Aras, homenageou-as dizendo:

“A mulher tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar. A mulher tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar”. 

https://www.youtube.com/watch?v=5eHO27qpJyc