“Mito 22”: site bolsonarista vende token para financiar campanha e viola lei eleitoralWSCOM

Estadão

O site “Mito 22”, supostamente de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), vende um token homônimo na internet a pretexto de colaborar com a produção de material de campanha, como camisetas e bandeiras. O token é um produto financeiro de tecnologia similar à das moedas digitais, e tem sido comercializado desde o último sábado, 5. No Telegram, um grupo sobre o produto reúne 32 mil participantes.

Consultado pelo Estadão, o Tribunal Superior Eleitoral afirmou desconhecer a iniciativa. Por meio de nota, destacou que a legislação proíbe o uso de criptomoedas para custeio de bens e serviços de campanha. Além disso, a arrecadação de qualquer tipo de doação para pré-candidatos só é permitida a partir da segunda quinzena de maio, por meio de regras específicas.

O site usa uma foto de Bolsonaro e o mote “Deus, Pátria e Família” em sua página inicial.  “O MITO22 busca ajudar que o governo do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro continue e possa mais uma vez afastar os esquerdistas de nossas vidas”, diz o texto de apresentação. “Somos completamente contra e qualquer ideologia comunista (sic). Teremos como objetivo lançar uma plataforma online para venda de artigos (camisas, bonés, bandeiras, faixas, bottons, quadros e outros) para arrecadar fundos e investir em projetos dos proprios (sic) integrantes da moeda na campanha de Bolsonaro”, diz o texto de apresentação.

Procurados pela reportagem, o Palácio do Planalto e o PL não se pronunciaram até o momento. Apresentam-se como desenvolvedores do “MITO22” Carlos Alberto e Erick Sobral. Apesar de usar a imagem de Bolsonaro e outras referências, a dupla de “soldados”, como se autointitulam, nega ter relações com o presidente ou com o PL e recusou-se a comprovar a própria identidade, tampouco deu entrevista. O Estadão entrou em contato com os organizadores do site por meio de mensagens no Telegram, onde participou do grupo do produto com mais de 30 mil integrantes.