O ‘teatro’ do prefeito para fugir de ‘armadilha’ da Lava-Jato na prisãoLauro jardim

Rodrigo Neves no dia em que foi preso, em dezembro de 2018 | Ag. O Globo

Preso entre dezembro de 2018 e março de 2019, durante o mandato, num desdobramento da Lava-Jato do Rio de Janeiro, Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói, narra ter feito um “grande teatro” no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste carioca, para escapar do que seria uma “armadilha” ligada à operação.

O relato consta no livro “Golpe Derrotado” (Máquina de Livros), escrito por PH de Noronha e que será lançado na semana que vem. A biografia é uma tentativa de Neves, hoje pré-candidato ao governo do Rio, de reforçar na campanha eleitoral o discurso de ter sido um “preso político”: uma “vacina” endereçada ao eleitorado ante a acusação de recebimento de propina no sistema de ônibus de Niterói, motivo da prisão revogada depois de três meses, quando Neves reassumiu, então, a prefeitura.

De acordo com o relato, em fevereiro de 2019, Neves decidiu fingir um ataque cardíaco para evitar ser levado de Gericinó até o Tribunal de Justiça. Havia sido chamado para depor num processo administrativo, mas entendeu a convocação como um pretexto para fazê-lo ser fotografado enquanto usava algemas.

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Descreve Neves:

“Era a foto que eles queriam: eu saindo do camburão, algemado, ao lado da prefeitura (…). Logo concluí que eu não podia ir, de jeito nenhum, porque era uma armadilha! Mas aí combinamos um plano. Umas 5h30m da manhã, faríamos um grande teatro na cela, sugerindo que eu estivesse enfartando (…).”

Ainda segundo Neves, ele foi levado para uma unidade médica depois da encenação e, mesmo com a insistência da polícia no depoimento, só foi liberado horas depois, direto para o presídio — detalhes do local são descritos no livro, em minúcias, pelo político e familiares.

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