Caso Mariana Thomaz: conheça detalhes de processos contra suspeito de feminicídio, Johannes DudeckG1 Paraíba


Entre os casos, aparecem ameaça, lesão corporal e violência contra a mulher. Empresário está preso pela morte da estudante de medicina. Johannes Dudeck, suspeito de matar a estudante de medicina Mariana Thomaz, em João Pessoa
Reprodução/TV Cabo Branco
O empresário Johannes Dudeck, de 34 anos, preso suspeito da morte da estudante de medicina Mariana Thomaz, em João Pessoa, já tem um histórico de processos tanto na esfera criminal quanto na cível, conforme consulta feita pelo g1 nos sistemas públicos do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
Entre os casos, vários processos administrativos envolvendo empresas dele e também casos de ameaça, lesão corporal, violência contra a mulher e, agora, o feminicídio.
A defesa de Johannes veio a público nesta terça-feira (15) para informar que não comentaria nenhum detalhe dos casos.
Johannes Dudeck é formado em administração e é dono de uma empresa de revestimento, cujo registro data de 2014. Entre os processos de natureza cível em nome dele, muitos estão relacionados ao CNPJ da empresa, com reivindicações diante da não conclusão de serviços contratados.
O primeiro caso público que aparece na consulta do TJPB é relativo aos crimes de ameaça e lesão corporal, contra duas mulheres e um homem, que aconteceram em janeiro de 2020. Mas este não foi o primeiro caso criminal. Nos autos deste processo de 2020, no levantamento de antecedentes criminais, constavam dois casos de violência doméstica, um em 2013 (arquivado em 2017) e um de 2017 (arquivado em 2018). Ambos estão em segredo de Justiça.
O crime de janeiro de 2020 aconteceu no bairro de Manaíra, em João Pessoa. As vítimas contaram à polícia que Johannes teria invadido a clínica de uma das vítimas, o homem, agredido uma funcionária do local e também o homem, e ameaçado a companheira dele. Segundo as vítimas, isso se deu após a mulher ameaçada e o homem agredido terem cobrado do empresário o cumprimento de uma prestação de serviços de porcelanato na residência do casal.
Neste processo, houve uma audiência de conciliação, em junho de 2021, onde ficou acordado o pagamento de prestação pecuniária de R$ 1,1 mil, em duas parcelas. Ele pagou os valores e o processo foi arquivado definitivamente em novembro do ano passado.
Mas foi em setembro de 2020 que um caso de agressão levou Johannes à prisão, por descumprimento de medida protetiva e indícios graves de violência doméstica. A mulher com quem ele se relacionava já tinha feito denúncias contra o empresário e tinha uma medida protetiva que exigia que ele se mantivesse numa distância segura.
Consta nos autos do processo: “no caso, as decisões anteriores destacaram a periculosidade do recorrente, evidenciada pela gravidade da ação praticada – teria agredido a vítima, que foi socorrida pelo Samu sangrando e vomitando sangue, sendo que testemunhas também declararam que, antes do fato, o recorrente estava circulando no local ameaçando a todos, inclusive de que atearia fogo na casa. Além disso, há registro de ocorrências anteriores, tanto que foram deferidas medidas protetivas em favor da vítima, dado indicativo do efetivo risco de reiteração”.
Após agressões, ameaças e insatisfeito com o fim do relacionamento, ele chegou a enviar uma encomenda para casa da vítima com uma prótese de borracha que replica os moldes de um pênis, junto a um bilhete com o nome da mulher.
O suspeito também praticou ofensas verbais e morais contra a mulher nas redes sociais e insistiu no contato com a vítima, descumprindo determinação judicial. A insistência aconteceu ao longo de 2020 e foi anexada aos autos do processo, as imagens mostram diversas tentativas de contato feitas através do email da empresa de Johannes.
Johannes enviou emails tentando reestabelecer contato, mesmo depois de término e de bloqueio nas redes sociais.
Reprodução / TJPB
Vítima respondeu sequência de emails do agressor pedindo distância.
Reprodução/TJPB
As imagens mostram, ainda, os relatos de violência que a vítima fazia às amigas.
Amiga da vítima explica trechos de situações abusivas.
Reprodução/ TJPB
Após ser intimado pela polícia para prestar depoimento, no dia 26 de setembro de 2020 ele foi preso por colocar uma bomba sobre o carro do irmão da vítima, para fazer com que ela desistisse da acusação. O material explodiu e quebrou o vidro do veículo.
A mulher o acusou, então, de descumprir a medida protetiva. Durante a prisão ele ainda tentou fugir dos policiais. O caso foi levado à frente, passou de uma prisão em flagrante para uma prisão preventiva, diante das agressões e ameaças reincidentes. O pedido de habeas corpus chegou a ser negado em 16 de dezembro de 2020.
Há informações processuais deste caso em aberto, a última movimentação foi feita em novembro de 2021, havia prazos determinados para que fossem realizadas diligências para complementar a investigação. O g1 procurou a delegada responsável pela delegacia que consta no processo, mas até a última atualização desta matéria não obtivemos resposta.
Entenda o caso de feminicídio
O corpo de Mariana Thomaz foi encontrado com sinais de estrangulamento em um apartamento, na orla do Cabo Branco, em João Pessoa, no último sábado (12). Segundo informações da Polícia Civil, o suspeito de ter cometido o crime estava em um relacionamento há um mês com a vítima.
Mariana Thomaz de Oliveira, de 25 anos
Reprodução/TV Cabo Branco
A jovem, de 25 anos, era natural do Ceará e estava na Paraíba para cursar a graduação de medicina. O corpo dela foi encontrado após a polícia receber uma ligação do suspeito informando que Mariana estava tendo convulsões.
Chegando no local, o perito observou sinais de esganadura. Por causa disso, o suspeito foi preso preventivamente. Após exames, a perícia confirmou a esganadura.
Nesta terça-feira (15) o Instituto de Polícia Científica publicou o laudo cadavérico do corpo de Mariana Thomaz. No documento há comprovações de lesões de uma relação sexual agressiva, mas o material não é suficiente para comprovar um possível estupro. A Polícia Civil segue investigando o caso, e a coleta de fluídos das partes íntimas da vítima também foi feita.
Apenas com o andamento das averiguações e o resultados de outros exames será possível chegar a informações concretas sobre a natureza da atividade sexual e do contexto em que se deu o crime com suspeita de feminicídio.
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