A política, hoje, está com os olhos voltados para Eduardo Leite, que se encontrou de manhã com Gilberto Kassab e nesta tarde se reúne com um grupo de tucanos que o apoia. Esses últimos tentam convencer o governador gaúcho de que deixar o PSDB, para concorrer à presidência pelo PSD de Kassab, é má ideia.
Primeiro, porque ainda que Kassab esteja de fato disposto a bancá-lo, há o grande risco de que ele seja sabotado por outras lideranças do partido, adeptas de Lula ou Bolsonaro. A sabotagem poderia envolver inclusive um novo processo de prévias, semelhante àquele que ele já enfrentou contra João Doria: Paulo Hartung, tido aqui e ali como presidenciável, também entrou há pouco no PSD.
A segunda razão é que a candidatura de Doria não sobreviverá às discussões do PSDB com o Cidadania, para formar uma federação, e de ambos os partidos com o MDB e a União Brasil, para uma coligação.
O primeiro argumento faz sentido, mas os tucanos não podem falar em nome do PSD.
O segundo argumento parece irrefutável. Se já está difícil para Doria sustentar a candidatura dentro do próprio PSDB, será impossível para ele prevalecer sobre outros três partidos.
Ainda que só exista a federação com o Cidadania, ele teria de seduzir, só para começo de conversa, o experiente e combativo presidente da legenda, Roberto Campos, o tipo de político pouco vulnerável à sua lábia.
Se MDB e União Brasil entrarem na equação surgem ainda mais obstáculos. O primeiro partido também tem candidatura, a de Simone Tebet; o segundo tem um presidente, Luciano Bivar, que insiste na tese da candidatura própria. Na hipótese de haver uma coligação, os candidatos de todos os partidos teriam de pôr suas ambições em suspenso para que apenas um deles seja aclamado.. Quem quiser apostar que Doria tem as melhores chances, com sua pequena intenção de votos e sua grande rejeição, fique à vontade.
Ficando no PSDB, Eduardo Leite poderia emergir como um nome de consenso ali na frente, quando as pretensões de Doria naufragarem? Talvez. Ele teria de manter o sangue frio e trabalhar nos bastidores até lá. Sendo escolhido, iria para a disputa a bordo de um verdadeiro juggernaut eleitoral, para enfrentar Lula e Bolsonaro.
A proposta de Kassab é mais palpável? Aparentemente, sim, ainda que parte do PSD tente puxar o seu tapete. Dificil mesmo é imaginar uma candidatura patrocinada por Kassab, amigão de Lula, aglutinando ao seu redor toda a Terceira Via. Não deve acontecer.
Ficando, Eduardo Leite trabalha pela Terceira Via. Partindo, trabalha a favor de Eduardo Leite, que lança agora seu nome, para ser candidato de verdade em 2026.