Coordenador do Grupo de Trabalho para avaliar a adoção no Brasil do “semipresidencialismo“, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) afirmou ao Blog do Noblat que esse sistema de governo irá exigir que o parlamentar se compromete, de fato com o governo.
O deputado tucano criticou a ganância de seus colegas de Câmara por emendas e diz que o Orçamento está quase todo na mão do Congresso. Entende ele ser, o Orçamento, o único vínculo com o Parlamentarismo.
Segue a entrevista.
Qual o objetivo de Grupo de Trabalho?
Samuel Moreira – Não temos plano de trabalho ainda. O objetivo é debater um pouco o assunto. Não há pressa.
O sr. entende que o Presidencialismo está superado?
Moreira – O nosso presidencialismo existe desde a proclamação da República, exceto uma curta experiência de parlamentarismo, de dois anos, nos anos 60, no período de Jango (João Goulart). Das vinte nações mais desenvolvidas, 19 são parlamentaristas.
O que o sr. propõe no lugar?
Moreira – O proposto é um misto do presidencialismo. Fazer um Congresso Nacional com ação e atuação de Executivo. Temos um Orçamento que é parlamentarista, mas a base não tem compromisso com o governo, com plano algum. Só está gastando.
Mesmo a bancada da base não tem compromisso?
Moreira – O deputado vai ter que colocar o dedo (no semipresidencialismo). Quem votar nesse primeiro-ministro, que será indicado pelo presidente da República, será cobrado. Não é só ficar querendo emenda. O sistema vai dar responsabilidade ao Congresso Nacional. Deputado não elege presidente, quem elege é o povo. E fica, o deputado, só querendo emenda e mais emenda. Emenda de relator, de comissão, de bancada. De tudo que é jeito. Desde 2015 para cá aumentou demais isso. Hoje não se sabe quem faz parte ou não faz parte da base do governo.
Como o sr. classifica o semipresidencialismo?
Moreira – O semipresidencialismo é uma evolução e uma melhoria de governança
Qual o papel do presidente nesse sistema?
Moreira – O presidente, no semipresidencialismo, será o chefe de Estado. Vai cuidar de todas as relações internacionais, as questões relacionadas à Defesa. Mas vai continuar indicando nomes para o Judiciário e para o Ministério Público.
Há previsão do voto de desconfiança, que possa derrubar o premiê?
Moreira – Sim, vai existir o voto de desconfiança. Estará previsto. Na Câmara, serão necessários três quintos para isso.
O PT, que não tem nenhum nome nesse grupo, classifica como “golpe” a discussão desse tema agora e uma tentativa de melar a candidatura de Lula.
Moreira – Recomendo aos petistas que fiquem tranquilos. A proposta é só para 2030. Avise para eles ficarem calmos.