Centro sonha em atrair Ciro, mas composição com Moro é “equação difícil”, claroO Antagonista

A turma da chamada Terceira Via intensificou as conversas nos últimos dias. “Está todo mundo falando com todo mundo com mais frequência”, disse a O Antagonista um líder partidário.

O grupo tem sentido a pressão das pesquisas, que indicam a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. Publicamente, os atores do centro repetirão coisas como “a eleição ainda está longe” e “há muita água para correr debaixo dessa ponte”, mas eles todos sabem que é preciso concretizar logo ao menos um esboço de unidade, caso queiram realmente ter algum êxito no pleito de outubro.

A novidade do dia é a confirmação de que União Brasil, PSDB e MDB, que já falam em candidatura única desde fevereiro, querem também atrair Ciro Gomes, o eterno presidenciável do PDT.

Luciano Bivar, presidente do União Brasil, que voltou a se reunir ontem à noite com Sergio Moro, disse a este site na manhã desta terça-feira (29):

“Estamos conversando para criar uma candidatura única. Neste momento, não estamos olhando o espectro político de cada um. Não chegamos nesta fase ainda. Agora, uma coisa é séria: nós vamos em frente, vamos em busca da luz. Como se pode dizer que a coisa está polarizada ou definida com um candidato — Lula ou Bolsonaro — que só tem 30% dos votos dos brasileiros? Estamos costurando bastante ainda.”

Ontem, no ato de filiação ao PDT do deputado federal David Miranda, ex-PSOL do Rio, Ciro Gomes disse que Bivar tem uma “pretensão generosa” de unir o considerado “centro democrático”. O pedetista, no entanto, falou que pensa sobre essa possibilidade “com muito ceticismo” e, claro, não perdeu a oportunidade de criticar Moro.

“O que passa na cabeça do Moro sobre a Petrobras, sobre o salário das pessoas, sobre juros e crediário… É água e óleo. Não combina. Primeiro, porque ele não sabe nada disso. Segundo, porque ele repete um ideário reacionário, que é o Bolsonaro.”

O deputado Júnior Bozzella (União Brasil-SP), que incentivou a candidatura presidencial de Moro, afirmou a O Antagonista reconhecer que “não é uma equação fácil” unir Ciro e Moro.

“Eu acho difícil, na minha concepção, tanto o Moro abrir para o Ciro, como o Ciro abrir para o Moro. Não é uma equação fácil. Mas quem está nesse campo não tem o direito de criar uma quarta ou uma quinta via. Quem quiser um projeto de país vai ter que se desarmar. Se vai dar certo, saberemos depois. Mas a tentativa faz parte do jogo.”

Em março do ano passado, Ciro Gomes assinou junto com Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo Leite e João Amoêdo — todos presidenciáveis, à época — um manifesto que, entre outras coisas, dizia que a democracia estava ameaçada: relembre aqui.

Como noticiamos ontem, dirigentes partidários desse campo político juram que haverá uma única candidatura do centro até outubro, inclusive com possibilidade de, agora ou mais à frente, Ciro estar junto e/ou de Moro não compor chapa.