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São 60 anos que camponeses morrem no campo na luta por reforma agrária. No próximo sábado (2), em Sapé, será realizado um Ato em memória da morte de João Pedro Teixeira, líder-fundador da primeira liga camponesa na Paraíba. O evento está sendo promovido pelo Memorial das Ligas e Lutas Camponesas e com o apoio de movimentos sociais, entidades e sindicatos.
João Pedro atuou como camponês e defensor do trabalho rural. Seu afinco em prol dos trabalhadores/as rurais, fizeram dele um herói da pátria, principalmente no Nordeste, onde costumava intervir. Após sua morte, sua esposa Elizabeth Teixeira encabeçou a sua luta e não se curvou às ameaças dos latifundiários e deu continuidade à luta por trabalho digno, reforma agrária e justiça no campo.
Em 2002, iniciou-se uma caminhada dos camponeses da cidade de Sapé até a região de Café do Vento, em Barra de Antas, fazendo memória ao trajeto que João Pedro realizou quando foi assassinado. Neste ano, os camponeses/as e agricultores/as da região agregaram as suas lutas, a comunidade tradicional de Barra de Antas, reconhecida desde 2017 pelo Ministério Público Federal (MPF), fazendo o Ato em memória à luta de João Pedro e contra a instalação de Barragem que o Governo do Estado planeja construir na região, retirando centenas de famílias da área.
Para Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, “neste ano em que completamos 60 anos da morte de João Pedro Teixeira, é uma data muito emblemática, por que faz 60 anos que não acontece reforma agrária no nosso país.” E se acolhendo aos pensamentos de Elizabeth, a presidenta questiona: como a gente pode ficar bem se ainda existe muitos camponeses/as, muitas famílias que estão no campo, que não tem onde plantar? Então, esse é um ano de denúncia, mas também de anúncio da continuidade e unidade dos povos do campo.”
“Esse é um ano que precisamos nos unir para lutar contra quem nos oprime, lutar contra o agronegócio e contra as oligarquias fundiárias que ainda se mantem no campo e no poder e oprime o povo camponês”, frisou Alane.
Apesar da morte de João Pedro Teixeira ter sido a 60 anos, a casa onde ele viveu e sua família, foi tombada em 2012, no governo de Ricardo Coutinho. Segundo o ex-governador, o imóvel possui um grande significado cultural, já que pertencia a um dos maiores líderes da Revolução Camponesa do estado e no país.
O ato será no dia 02 de abril, às 14h, saindo em caminhada da comunidade tradicional de Barra de Antas, até o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, culminando em apresentações culturais de artistas populares e a participação de movimentos sociais, como MST, CPT, FETAG, e também de parlamentares e partidos que defendem a causa.