Silvana Pilipenko publicou um vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira, dois dias depois de deixar a cidade de Mariupol. Ela agradeceu a preocupação das pessoas e pediu oração para o povo ucraniano. Brasileira que estava na Ucrânia fala pela primeira vez após sair para a Crimeia
A artesã paraibana Silvana Pilipenko, que estava desaparecida na Ucrânia, falou publicamente pela primeira vez, desde que conseguiu sair do país e entrar na Crimeia, região anexada à Rússia em 2014. Em vídeo postado nas redes sociais nesta quinta-feira (31), Silvana agradeceu a preocupação de todos e contou sobre a situação no país.
“Eu, minha sogra e meu esposo estamos fisicamente bem, mas emocionalmente abalados, e precisamos de um tempo para nos reconstruir. Não foram dias fáceis, foram muito difíceis, mas eu agradeço cada oração de vocês, o empenho de vocês, porque eu tenho a certeza que as orações foram parte fundamental para que a nossa saída tivesse êxito”, disse.
Silvana se pronunciou nas redes sociais nesta quinta-feira (31)
Reprodução/Instagram/silvanapilipenko
Silvana passou 26 dias sem contato com a família, que mora em João Pessoa. Ela, o marido ucraniano, Vasyl Pilipenko, e a sogra, de 80 anos, estavam em Mariupol e foram encontrados pelo filho do casal, Gabriel Pilipenko, na terça-feira (29).
No vídeo, a artesã agradeceu a preocupação das pessoas no Brasil e pediu orações para a população ucraniana. “Continuem orando para aquele povo, para que ele continue sendo forte, continue resistindo e continue sobrevivendo a essa guerra. Eu peço a cada um de vocês que continue orando pelo povo ucraniano porque é uma situação muito delicada e quem está lá não vê muita saída, não tem muitas escolhas”, contou.
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Na quarta-feira (30), a mãe de Silvana, Antônia Vicente, contou como se deu a fuga da filha da Ucrânia. “Ela disse que escondeu muito o celular [durante a fuga] para poder chegar com o aparelho e dar notícia”, disse Antônia.
Silvana relatou para a mãe que durante a viagem de Mariupol até a Crimeia, ficou bastante cansada. Além disso, a sogra dela estava doente e no percurso havia muitas barreiras, com o carro sendo parado para revistas. “Tiravam até os tapetes e abriam as mochilas”, contou Antônia.
Volta ao Brasil
Silvana Pilipenko vive na Ucrânia desde 1995
Reprodução/Arquivo Pessoal
Segundo Mere, Silvana deve voltar para o Brasil em cerca de uma semana. “Só vai voltar ela, porque a sogra não quer vir, não aguenta a viagem, e Vasyl vai ficar cuidando da mãe”, explicou.
O filho da paraibana contou que o Itamaraty está ajudando em todo o processo. Procurado pelo g1, o Itamaraty informou através de sua assessoria de imprensa que está em contato com a brasileira e com seus familiares diretos, por meio do escritório de apoio em Lviv. Disse ainda que a Embaixada do Brasil em Moscou realizou gestões junto ao governo russo para que a brasileira e seus acompanhantes ucranianos tenham saída facilitada da zona de conflito.
Além disso, o Itamaraty afirma que já está ultimando os preparativos para a eventual repatriação ao Brasil.
“Os pormenores de tal operação serão decididos proximamente em conjunto com a cidadã e sua família”, informa.
“É como se a ficha ainda não tivesse caído […] Eu estou falando com ela, mas eu tenho que ver, pegar nela, abraçar, para acreditar, completa Mere.
Mere Vicente e Silvana Pilipenko, em Odessa, na Ucrânia, em 2015
Reprodução/Facebook/Mere Vicente
Entenda a situação da Crimeia
A Crimeia, localizada no sul ucraniano, foi anexada pela Rússia em 2014. No local fica a maior base naval do país no Mar Negro.
A invasão da Rússia na Crimeia foi feita aos poucos. Quando o ex-presidente da Ucrânia, o líder pró-russo Viktor Yanukovych, foi deposto após uma série de protestos, o povo ucraniano estava dividido entre aqueles que queriam uma maior integração com a Rússia e aqueles que apoiavam uma aliança com a União Europeia. E Moscou decidiu intervir.
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Em fevereiro de 2014, o presidente russo estava enviando discretamente tropas adicionais para as bases que a Rússia tinha na Crimeia, graças ao Tratado de Partição de 1997.
O primeiro sinal de que a Crimeia estava sendo retirada da Ucrânia aconteceu quando a Rússia montou postos de controle em Armyansk e Chongar, os dois principais cruzamentos rodoviários entre a Ucrânia continental e a península da Crimeia.
Após a queda de Yanukovych, o Parlamento da Crimeia elegeu um primeiro-ministro pró-Rússia e votou pela separação da Ucrânia.
Em 18 de março, dois dias após a publicação dos resultados, Putin oficializou a invasão ao assinar um projeto de lei incorporando a Crimeia à Federação Russa
Entenda o caso
Em último vídeo enviado a parentes, paraibana desaparecida na Ucrânia falou sobre situação
Silvana Pilipenko, de 54 anos, havia falado pela última vez com a família no dia 3 de março, quando disse que a cidade estava começando a ser atacada e sofria com quedas de energia. No dia anterior, um vídeo com notícias foi enviado à família (veja abaixo).
No vídeo, a paraibana disse que a cidade de Mariupol estava cercada e, por isso, não havia como sair de lá.
“A cidade está cercada pelas forças armadas, todas as saídas estão minadas, então é impossível tentar sair daqui nesse momento. Basicamente Mariupol faz fronteira com o país atacante, então não podemos seguir nessa direção. Se fôssemos para outra direção, no sentido Polônia ou Hungria, teríamos que atravessar todo território, o que não seria viável diante das circunstâncias e da distância”, explicou.
Ela também alertou que a comunicação poderia ser dificultada pela falta de energia elétrica.
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