Sem Moro, Podemos teme desaparecerO Antagonista

Com a saída de Sergio Moro, que ontem anunciou filiação à União Brasil, o Podemos passou a considerar a possibilidade de formar federação com algum outro partido.

O prazo para a formação de federações partidárias se encerrará em 31 de maio — esse prazo foi alargado pelo STF, em julgamento no início de fevereiro.

O Antagonista apurou que a deputada Renata Abreu, presidente do Podemos, solicitou à Consultoria Legislativa da Câmara uma nota técnica com, entre outras coisas, uma análise sobre vantagens e desvantagens de formar federação. O prazo estipulado para a conclusão dessa nota vencia ontem, justamente quando Moro confirmou sua saída.

Em reuniões fechadas nos últimos meses, integrantes do Podemos já vinham discutindo a possibilidade de federação. Cogitou-se conversas, por exemplo, com siglas como o Cidadania, que acabou se aliando ao PSDB, e com o PSC, que apoiará a reeleição de Jair Bolsonaro.

Segundo deputados ouvidos em reservado, Renata Abreu demonstrava resistência à ideia de federação, mas, com a candidatura presidencial de Moro não deslanchando no partido, a dirigente teria se tornado mais flexível em relação ao assunto.

Pela lei que instituiu as federações partidárias, aprovada no Congresso no ano passado, dois ou mais partidos podem se unir em uma aliança semelhante à das coligações, mas que dura por toda uma legislatura, e não apenas para uma única eleição.

Boa parte dos partidos que negociam federação pretende, com essas alianças, alcançar a cláusula de barreira para sobreviver. Neste ano, para superar a cláusula, partidos ou federações terão de alcançar pelo menos 2% dos votos válidos ou eleger, no mínimo, 11 deputados federais em 9 estados diferentes.