ACM Neto sente a pressão da polarizaçãoO Antagonista

Para tentar chegar ao governo do estado neste ano, ACM Neto (foto) tem na Bahia o recall político do avô e o bom índice de aprovação aos seus mandatos como prefeito de Salvador. Com uma aliança ampla, que inclui até João Leão (PP), que era vice do governador petista Rui Costa, ele lidera as pesquisas de intenção de voto até aqui.

Mas, assim como em São Paulo Rodrigo Garcia já recebeu alerta semelhante, ACM ouviu de aliados próximos nos últimos dias que há uma grande chance de a eleição na Bahia repetir a polarização nacional entre petistas e bolsonaristas.

É principalmente por isso que ACM não quer estar atrelado a candidato algum nacionalmente. Não à toa, no mês passado, ele derrubou na Justiça a divulgação de uma pesquisa que o colocava associado a Ciro Gomes (PDT). O ex-prefeito da capital baiana sabe quem tem votos entre eleitores de todos os pré-candidatos à Presidência da República.

ACM tem escutado que seu esforço precisa ser para tentar vencer a disputa já no primeiro turno. A Bahia tem um precedente consolidado de eleição de governadores em um único pleito. Foi assim nas últimas seis eleições: em 2018 e 2014 (Rui Costa, do PT); 2010 e 2006 (Jaques Wagner, do PT); 2002 (Paulo Souto, do PFL); e 1998 (César Borges, do PFL).

Na semana passada, Lula esteve em Salvador para lançar a pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues, secretário de Educação de Rui Costa. Apesar da lambança da esquerda antes de definir o nome dele — as pré-candidaturas de Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD) não vingaram –, os petistas acreditam que Rodrigues pode avançar nas pesquisas, pois estão convencidos de que “o ’13’ na Bahia ainda é muito forte”.

Do outro lado, o candidato de Bolsonaro, João Roma (Republicanos), que deixou o Ministério da Cidadania para mergulhar na campanha, já mostrou que vai para cima de ACM, de quem foi chefe de gabinete e que agora encara como adversário. Roma já andou dizendo, como noticiamos, que Lula tem dois candidatos na Bahia: o oficial, Jerônimo Rodrigues; e o “oficioso”, ACM Neto.

Ao sentir a pressão da polarização, o cacique ‘carlista’ tem procurado se manter firme na “neutralidade” aparente. Isso ajuda a explicar porque ACM reagiu com tanta veemência à filiação de Sergio Moro à União Brasil, partido do qual é secretário-geral. ACM não quer ficar colada a ninguém publicamente, ainda mais ao ex-juiz, odiado por lulistas e bolsonaristas.

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