Fora do radarO Antagonista

Criada a partir da cisão da Infraero para absorver atividades de navegação aérea, a Nav Brasil abriga em sua diretoria vários oficiais da FAB aposentados. Ao todo, são 16 funcionários, incluindo o presidente e dois diretores, além dos integrantes dos conselhos fiscal e de administração — por ano, a folha de pagamento supera R$ 2 milhões, em remuneração e jetons. Mas os gastos não aparecem no portal da Transparência.

A Nav Brasil é presidida pelo major-brigadeiro reformado José Pompeu dos Magalhães Brasil Filho, que foi chefe do DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Além da aposentadoria militar de R$ 32,9 mil, Pompeu ganha da Nav Brasil outros R$ 28,3 mil de salário, mais gratificações — os vencimentos, porém, não aparecem no site governamental.

O mesmo ocorre com o diretor de Administração, coronel-intendente Carlos Roberto Santos, e o diretor de Serviços, coronel-aviador Marcelo Moraes de Oliveira. Ambos reformados, recebem de aposentadoria R$ 25 mil e R$ 27 mil, respectivamente. Da Nav, embolsam R$ 25 mil cada, mais gratificações. 

No caso do Conselho de Administração, seu presidente H iran William de Almeida, brigadeiro reformado, recebe jeton, assim como o brigadeiro Pompeu e os servidores do Executivo L eonardo Raupp Bocorny,  John Weber Rocha e  Bruno César Grossi de Souza, que integram o colegiado. Os valores, tanto de civis como dos militares, também não aparecem no portal da Transparência.

Tampouco há informação sobre os vencimentos dos integrantes do Conselho Fiscal: o brigadeiro da ativa Gilson Alves de Almeida Junior, o auditor Regis Xavier Holanda e o coronel da Aeronáutica Marconi Bentes Mangabeira Rocha Junior. 

Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas, explica que os salários dos militares e civis na Nav Brasil “não aparecem porque o decreto que regulamentou a Lei de Acesso à Informação excluiu as estatais da obrigação de prestarem contas”. “É um absurdo, pois o decreto não poderia ficar aquém da lei.”

A Nav Brasil foi estabelecida por meio de media provisória editada por Jair Bolsonaro, em 2019, e relatada no Senado por Flávio (foto, à esquerda) o, o 01, que chancelou sua criação, formalizada em 2021.