Bolsonaro e Centrão perdem a batalha pelo comando da PetrobrasBlog do Noblat

Dos governos passados do PT, diz-se que aparelharam a Petrobras com a nomeação de diretores ligados a partidos políticos, postos ali para tirar vantagem de negócios bilionários e engordar as suas e as contas bancárias dos seus chefes.

Paulo Roberto Costa, engenheiro e diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, foi um deles. Preso pela Lava Jato em março de 2014, delatou e foi condenado por corrupção. Era ligado ao PP de Arthur Lira (AL) e Ciro Nogueira (PI).

Bolsonaro é um presidente de sorte. Quando à sua sombra está em curso alguma negociata de grande porte capaz de enlameá-lo se concluída, alguém descobre, denuncia, ela é abortada, e ele jura inocência. Tem nada de inocente, mas jura mesmo assim.

Lira, presidente da Câmara dos Deputados, Nogueira, senador e atual chefe da Casa Civil da presidência da República, bancaram a indicação para a presidência da Petrobras do consultor Adriano Pires, que substituiria o general Joaquim Silva Luna.

Não deu. Pires é consultor de empresas da área de energia e gás há mais de 30 anos; ajuda-as em negócios com a Petrobras. Haveria conflito de interesses. Não deveria ter sido sequer cogitado para o lugar do general. Sua nomeação durou o tempo de um suspiro.

Foi um vexame para Bolsonaro, submisso ao Centrão com a esperança de se reeleger. Para o Centrão, não foi um vexame. Foi um acidente de percurso, apenas mais um que em nada abalará a sua imagem. Emporcalhada ela estava, emporcalhado fica.

Mas Bolsonaro zela pela dele e pela imagem dos seus filhos, como tantas vezes já demonstrou sem sucesso. Então, ouviu o almirante Bento Albuquerque, ministro das Minas e Energia, e escolheu um nome técnico que estava ali pertinho para substituir Pires, o Breve.

José Mauro Ferreira Coelho, o terceiro presidente da Petrobras num período de três anos e três meses, foi secretário de Petróleo do próprio ministério e é uma pessoa de confiança do almirante. Foi engenheiro militar, mas isso não desabona ninguém, claro.

No momento, Ferreira Coelho é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal que cuida da comercialização de óleo e gás que o governo tem direito em contratos do pré-sal. Ele tem um currículo respeitável, mas tem também um problema.

Como entende do assunto, defende a política de preços da Petrobras, motivo da queda do general Luna e do economista Roberto Castelo Branco que o antecedeu no cargo. Quando o preço do petróleo sobe lá fora, o dos combustíveis aumenta por aqui.

Bolsonaro é contra isso, mais ainda em ano eleitoral e com ele atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Lula também é contra e promete combustível mais barato caso vença em outubro próximo. Ferreira Coelho terá uma parada indigesta pela frente.