Caixas d’água viram moeda política em órgãos comandados pelo CentrãoO Antagonista

A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), entregues por Jair Bolsonaro ao Centrão, têm sido usados por parlamentares para distribuir caixas d’água seguindo critérios políticos, sem qualquer controle de quem recebe, e com suspeitas de superfaturamento, diz O Globo.

Nos últimos dois anos, os órgãos tiveram os orçamentos para comprar este tipo de equipamento turbinados em 60%. De acordo com o jornal, uma auditoria da CGU apontou que o próprio Dnocs não soube informar onde foi parar o material que deveria ser usado pela população para estocar água em regiões assoladas pela seca.

O relatório, de outubro do ano passado, concluiu que houve um superfaturamento de R$ 2,54 milhões em um contrato do órgão na Bahia, por exemplo. “Pouco ou nada se sabia sobre os critérios de escolha das pessoas beneficiadas, o perfil das famílias ou até se houve ou não a distribuição ao público destinatário”, diz o documento do órgão de controle.

A Codevasf também admite não saber se os reservatórios, adquiridos com dinheiro público, foram ou não instalados em casas. No caso dela, as caixas d’água foram entregues numa modalidade chamada de doação, em que não é necessário firmar convênios com prefeituras ou governos estaduais, como é exigido na maioria das transferências via emendas parlamentares. Com isso, os beneficiários podem ser associações comunitárias ou de produtores. Segundo a reportagem, o número de doações de caixas d’ água neste formato praticamente triplicou desde o início do governo e, somente de 2020 para 2021, aumentou 43%.

Procurada, a Codevasf afirmou que as doações são efetuadas a pessoas jurídicas legalmente constituídas e não há tempo mínimo de abertura das organizações para a doação.