E o Oscar de mais bolsonarista do que Bolsonaro vai para…Blog do Noblat

Pirilampo, pelo menos, ora acende, ora apaga. Pirilampo é o apelido de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado. Ele apaga mais do que acende, mas vez por outra acende e custa a apagar. É quando renova seu compromisso com a democracia.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, elegeu-se já apagado com o apoio de Bolsonaro, mas não só por isso, apagado permanece. Discípulo de Eduardo Cunha, cassado e preso por corrupção, Lira herdou dele seus vícios e incorporou outros.

Cunha não fingia ser o que não era, e respeitava o regimento da Câmara e as leis do país. Lira finge não ser o que é, um estuprador de tudo que limita suas vontades. Assim tem se comportado em interesse próprio e também em defesa dos interesses do governo.

No caso da aprovação da PEC Kamikaze, ou do Desespero, ou do Medo de Lula, ou da Bomba Fiscal, demonstrou novamente do que é capaz. Mudou regras de votação inúmeras vezes sem consultar ninguém, e autorizou sessão de menos de um minuto.

No caso do assassinato do tesoureiro do PT em Foz de Iguaçu, tirou a máscara de democrata para revelar-se por inteiro às escondidas. O crime foi na noite de sábado. Ele só se pronunciou a respeito na segunda-feira e mesmo assim porque foi pressionado.

Cobrado pela oposição por seu silêncio incômodo, para justificá-lo Lira citou o caso da facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora há quatro anos “de um militante do PSOL”. E afirmou que a situação era complicada porque havia violência de um lado e do outro.

Adélio Bispo, autor da facada, foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014, mas nunca militou. A Polícia Federal concluiu que ele agiu sozinho, e a Justiça que é desequilibrado mental. Lira disse que Adélio frequentava o gabinete do PSOL na Câmara. Mentiu.

Por fim, vencido por seus interlocutores, Lira distribuiu uma nota repleta de lugares comuns que é a perfeita tradução da sua indiferença diante do que aconteceu em Foz do Iguaçu:

“A Câmara repudia qualquer ato de violência, ainda mais decorrente de manifestações políticas. A democracia pressupõe o amplo debate de ideias e a garantia da defesa de posições partidárias, com tolerância e respeito à liberdade de expressão.”

“A campanha eleitoral está apenas começando. Conclamo a todos pela paz para fazer nossas escolhas políticas e votar nos projetos que acreditamos. Esta é a premissa de uma democracia plena e sólida, como a nossa”.

Pirilampo, só ontem, conheceu Lula, recebendo-o para um almoço na residência oficial da presidência do Senado. Lula pediu-lhe que o ajudasse a conseguir o apoio do PSD à sua candidatura no primeiro turno. Não se sabe o que Pirilampo respondeu.

Lula não se deu ao trabalho de procurar Lira. Seria perda de tempo.