O compositor, cantor e pandeirista Antônio Barros, um dos nomes mais gravados da música nordestina, morreu em 2025, aos 95 anos. Natural de Queimadas, no Agreste paraibano, ele nasceu em 11 de março de 1930 e construiu um repertório estimado em cerca de 700 canções, muitas delas transformadas em sucessos nacionais por intérpretes de diferentes gerações.

Figura popular desde a década de 1950, Barros iniciou a trajetória artística sem formação musical formal. Tocava pandeiro e tinha apenas noções básicas de violão. Mesmo assim, dominava gêneros regionais como baião, xote e forró, habilidade que lhe rendeu espaço em discos de grandes nomes. Luiz Gonzaga, por exemplo, gravou “Estrela de Ouro” em 1959 e voltou ao tema em 1980 durante turnê ao lado do filho, Gonzaguinha.

Em 1967, outra composição de Barros, “Óia Eu Aqui de Novo”, batizou o álbum que marcou a tentativa de Gonzaga de recuperar o sucesso perdido no período. Décadas depois, em 2000, Gilberto Gil regravou a mesma faixa para a trilha sonora do filme “Eu, Tu, Eles”, dando nova projeção à obra do paraibano.

Parcerias e releituras

Antônio Barros dividiu a carreira com a companheira Ceceu, com quem estabeleceu parceria artística e afetiva. Entre os principais intérpretes de seu catálogo estão Trio Nordestino, Elba Ramalho, Ney Matogrosso e o próprio Luiz Gonzaga. Com o Trio Nordestino, emplacou forrós de duplo sentido como “Procurando Tu” e “Já Faz Tempo Não lhe Vejo”, responsáveis por lotar bailes e programas de rádio.

A canção “Homem com H”, gravada por Ney Matogrosso no início dos anos 1980, tornou-se o maior hit do repertório de Barros. O cantor só decidiu incluí-la no disco após ouvir a opinião de Gonzaguinha, que previu o sucesso da faixa. O título hoje dá nome à cinebiografia de Matogrosso.

Composições juninas

O autor também deixou contribuições marcantes para o repertório das festas juninas. Marchinhas como “Brincadeira na Fogueira”, “Naquele São João” e “É Madrugada” seguem presentes nos arraiais do Nordeste, retratando o clima de saudade e celebração típico do período.

Apesar da vasta produção, o artista enfrentou dificuldades para obter reconhecimento proporcional ao volume de sucessos. Em entrevistas, relatou disputas em torno de direitos autorais, cenário que contrastava com o tratamento dado a compositores em mercados como o norte-americano.

Detalhes sobre velório e sepultamento não haviam sido divulgados até o fechamento desta edição. A família ainda não informou se haverá homenagem pública ao músico.

Com informações de Jornaldaparaiba