O magistrado Bruno Isidro, titular da 1ª Vara Mista de Bayeux, informou à Justiça que não continuará responsável pelo processo que acusa o influenciador Hytalo Santos e o marido dele, Israel Nata Vicente, conhecido como Euro, de tráfico de pessoas e favorecimento da prostituição. Ao se declarar suspeito por “foro íntimo”, o juiz deixa a condução dessa parte da investigação, que corre separadamente de outro processo no qual o casal responde por produção de conteúdo pornográfico envolvendo menores.
Divisão dos processos
Em setembro, a 2ª Vara Mista de Bayeux aceitou a denúncia do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e transformou o casal em réus. Na mesma decisão, determinou o desmembramento do caso: os crimes relacionados à exploração sexual de crianças e adolescentes permaneceram sob análise da Vara Criminal de Bayeux, enquanto os delitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ficaram com a Vara da Infância e Juventude. O juiz Antônio Rudimacy conduz as apurações sobre a produção de material pornográfico com menores.
Próximos passos
Antes de alegar suspeição, Bruno Isidro agendou uma audiência de instrução para 18 de dezembro, às 9h, no Fórum de Bayeux. Foram intimados advogados, representantes do MPPB e testemunhas. Nesse braço do processo, Hytalo Santos e Israel Nata Vicente ainda têm status de denunciados.
Acusações e pedido de indenização
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o casal mantinha um esquema estruturado para recrutar adolescentes em situação de vulnerabilidade. A denúncia relata promessas de fama nas redes sociais, vantagens materiais, procedimentos estéticos e tatuagens sexualizadas, além de controle rígido sobre rotinas e meios de comunicação das vítimas. O Ministério Público solicitou indenização de R$ 10 milhões por danos coletivos.
Situação atual de Hytalo e Euro
Hytalo Santos e Israel Nata Vicente estão presos preventivamente na Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, o presídio do Roger, em João Pessoa, desde agosto, quando foram transferidos de São Paulo. A defesa foi contatada pelo g1, mas não se manifestou até o momento.
Cronologia do caso
6 de agosto – O youtuber Felca publica vídeo denunciando práticas do influenciador; perfis de Hytalo são retirados do ar.
13 de agosto – Primeira busca e apreensão em condomínio de luxo em João Pessoa.
14 de agosto – Justiça autoriza segundo mandado de busca relacionado à promotoria de Bayeux.
15 de agosto – Casal é preso preventivamente em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
16 de agosto – Tribunal de Justiça da Paraíba nega pedido de soltura.
28 de agosto – Transferência do casal para o presídio do Roger, na capital paraibana.
Setembro – 2ª Vara Mista de Bayeux torna Hytalo e Euro réus por produção de conteúdo pornográfico com menores e ordena desmembramento do processo.
18 de dezembro – Audiência de instrução marcada antes da saída do juiz Bruno Isidro.
Entre as medidas judiciais já impostas estão o bloqueio de redes sociais, a proibição de contato com as vítimas, a demonetização de conteúdos e o bloqueio de bens até o limite de R$ 20 milhões.
Com o afastamento de Bruno Isidro, caberá ao Tribunal de Justiça da Paraíba redistribuir o processo para outro magistrado. A nova designação ainda não foi divulgada.
Com informações de G1



