A quarta e última reportagem da temporada 2025 da série “Obras Inacabadas” voltou a canteiros visitados pela primeira vez quase três anos atrás. O novo levantamento confirma um cenário de atrasos, revisões de projetos e contas muito mais altas: em alguns casos, o valor total supera em até cinco vezes o previsto quando as construções foram iniciadas.
Patos: Vila Olímpica avança após revisão do projeto
Em Patos, Sertão paraibano, operários voltaram à Vila Olímpica, iniciada em 2015 com orçamento de R$ 2,9 milhões. A primeira etapa consumiu R$ 1,3 milhão, mas a obra foi suspensa no mesmo ano por bloqueio de recursos do Ministério dos Esportes. Entre 2016 e 2020, a cidade passou por seis gestões diferentes, o que agravou a paralisação. Somente em 2022 houve nova licitação, que uniu R$ 1,6 milhão remanescente do convênio federal a R$ 1,3 milhão do governo estadual.
Segundo o secretário de Administração, Francivaldo Dias, o projeto original apresentava problemas estruturais e precisou ser refeito. A retomada efetiva ocorreu no segundo semestre de 2025. A prefeitura promete entregar, em março do próximo ano, quadra, piscina, pista de atletismo e campo de futebol. O custo final será cerca de R$ 1,5 milhão superior ao orçamento inicial.
Teatro Municipal: de R$ 2,9 milhões para mais de R$ 17 milhões
Também em Patos, o Teatro Municipal simboliza o impacto do tempo sobre obras paradas. Começado em 2013 por R$ 2,9 milhões, teve toda a estrutura erguida, mas faltou verba para equipamentos. A construção ficou parada por anos, agravada pela instabilidade administrativa e pela pandemia. Em 2024, prefeitura e Estado firmaram convênio de R$ 10,4 milhões, insuficiente para concluir o prédio. Um novo processo licitatório foi aberto em 2025, acrescendo R$ 3,9 milhões de recursos municipais.
Parte do dinheiro extra servirá para reforçar a laje da plateia, alterar a fachada e demolir uma rampa sem uso. O total investido deve superar R$ 17 milhões — cinco vezes o plano original. Moradores e artistas locais, como Regiane, Perla e Marcelo, cobram a entrega do espaço cultural que se arrasta há 12 anos.
Conde: UPA triplica de preço
Na cidade do Conde, Litoral Sul, a Unidade de Pronto Atendimento teve a construção iniciada em 2013 por quase R$ 2 milhões e interrompida em 2015. Em 2021, a prefeitura injetou R$ 500 mil, mas a obra parou novamente. Agora, em 2025, o convênio federal foi restabelecido, liberando R$ 2,9 milhões. Com isso, o custo total chegará a quase três vezes o valor inicial. O encarregado Luiz Silvestre calcula 18 meses para concluir o serviço e relata que forro, fiação e janelas precisaram ser refeitos.
Monteiro: rodoviária ainda sem data para terminar
Em Monteiro, Cariri paraibano, a rodoviária municipal se iniciou em 2019, dois anos após o convênio com o governo federal. A primeira empresa abandonou o contrato em 2020, com 14% de execução e R$ 200 mil pagos. Um novo contrato assinado em 2022 soma R$ 1,4 milhão. Metade já foi desembolsada e laudo da prefeitura aponta 75% de avanço físico, mas o terminal segue fechado. Enquanto isso, passageiros utilizam a Praça Nilo Feitosa, situação que, segundo a estudante Luana Teles, gera insegurança.
Obras que andaram
Nem todos os canteiros permanecem parados. O Centro de Iniciação ao Esporte, no bairro Monte Castelo, em Patos, foi concluído em outubro após quase uma década. A construção havia sido interrompida em 2023, com R$ 800 mil de um convênio cancelado. Por meio de parceria entre prefeitura e governo do Estado, o projeto recebeu R$ 3 milhões e foi entregue à população.
Já a policlínica de Marizópolis, parada há quase três anos mesmo depois de consumir R$ 650 mil, foi reativada em outubro de 2025. Para finalizar o prédio, serão necessários mais R$ 1,3 milhão.
A temporada 2025 da série “Obras Inacabadas” encerra mostrando que, embora algumas intervenções tenham voltado ao ritmo de trabalho, o atraso acumulado elevou significativamente as despesas públicas e adiou benefícios à população.
Com informações de Jornaldaparaiba




