João Pessoa – Os ladrilhos com suásticas removidos do Palácio da Redenção em fevereiro de 1995 estão previstos para integrar uma mostra temporária no recém-inaugurado Museu de História da Paraíba, segundo informou o secretário de Cultura do estado, Pedro Santos.

De acordo com o gestor, as peças permanecem sob guarda da Secretaria de Cultura e ainda não há data definida para a exibição. “Há uma curadoria em andamento, com textos explicativos, para que esta história não se repita. No momento adequado faremos uma exposição focada nesse material histórico”, afirmou.

Da instalação à retirada

O piso com suásticas foi instalado em 1937, durante o governo de Argemiro de Figueiredo, período em que o regime nazista já estava consolidado na Alemanha. O símbolo permaneceu no hall principal do palácio por quase seis décadas.

A retirada ocorreu por determinação do então governador Antônio Mariz, em 16 de fevereiro de 1995. Incomodado com o emblema no acesso ao seu gabinete, Mariz defendeu que a sede do executivo estadual não poderia servir de vitrine para “qualquer pensamento ideológico”. Cerca de 90 metros de mosaicos foram removidos e armazenados na Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan).

Importância histórica

A exibição das peças foi prometida há 29 anos, ainda durante o governo Mariz. Pesquisadores como a historiadora Loyvia Almeida e o coordenador-geral do Museu do Holocausto no Brasil, Carlos Reis, defendem que a mostra é essencial para contextualizar o avanço de ideologias extremistas no país e reforçar o alerta contra o nazismo.

O Palácio da Redenção, construído em 1586, passou por diversas reformas ao longo dos séculos. Estudos apontam que o arquiteto italiano Giovanni Gioia, ligado ao fascismo, teria coordenado a instalação dos ladrilhos na década de 1930, período de simpatia de segmentos brasileiros às ideias de Mussolini e Hitler.

Quando for aberta, a exposição no Museu de História da Paraíba deverá apresentar os ladrilhos acompanhados de painéis explicativos sobre o contexto político da época e a decisão de retirá-los, atendendo à orientação de uso educativo proposta pela Secretaria de Cultura.

Com informações de g1.globo.com