O advogado e empresário Erik Marinho, segundo suplente do senador paraibano Efraim Filho (União), tornou-se alvo da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18). A ação, autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), investiga fraude em descontos previdenciários e esquema de ocultação de bens ligado a Antônio Camilo, conhecido como “Careca do INSS”.
De acordo com a PF, Marinho atuava como articulador entre empresas e pessoas do núcleo empresarial-político comandado por Camilo. Conversas interceptadas mostram o lobista se referindo ao suplente como “parceria jatinho”, expressão que, para os investigadores, revela a função de lavar recursos por meio da compra e do uso de aeronaves.
Empresas de fachada e aquisição de aeronaves
Os policiais identificaram pelo menos duas companhias ligadas à família de Marinho: a Flight Way S/A e a Air Connect S/A, ambas registradas em nome da esposa dele, Joelma dos Santos Campos. Embora possuam capital social considerado irrisório, essas sociedades adquiriram aeronaves de alto valor incompatíveis com a capacidade financeira declarada.
A Air Connect S/A, por exemplo, aparece como proprietária do avião Beech F90, prefixo PT-LPL, comprado em janeiro de 2022 por R$ 2,8 milhões. O período coincide com o avanço das fraudes relativas a descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social. Para a PF, a operação reforça a suspeita de que as empresas serviam de blindagem patrimonial para o Careca do INSS e seus operadores.
Medidas judiciais
Na decisão do STF, Erik Marinho foi obrigado a utilizar tornozeleira eletrônica e entregar o passaporte. As diligências desta etapa buscam, segundo a Polícia Federal, “aprofundar as investigações sobre falsificação de dados em sistemas oficiais, estelionato previdenciário, formação de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação de patrimônio”.
Rede societária complexa
Relatório anexado aos autos descreve “uma complexa rede de empresas de fachada” associada a Erik e Joelma. A sede da Air Connect divide endereço com a Voga Serviços Contábeis, administrada por Alexandre Caetano dos Reis, contador da própria Air Connect e de outras firmas ligadas ao grupo de Camilo. Os investigadores também apontam indícios de operações de movimentação de valores no exterior.
Ligação com senador maranhense
O nome de Marinho ganhou destaque em setembro, quando reportagem do Portal Metrópoles mostrou que o senador Weverton (PDT-MA) e o lobista Careca do INSS haviam compartilhado o Beech F90. À época, o suplente confirmou o empréstimo da aeronave, classificando o episódio como “mera coincidência”.
Apesar do vínculo político, Efraim Filho não é investigado no caso. O inquérito segue em tramitação sob sigilo no Supremo Tribunal Federal.
Com informações de Maispb




