O Ministério da Justiça e Segurança Pública passou a incluir jogos eletrônicos e aplicativos no sistema de classificação indicativa brasileiro. A medida foi oficializada nesta quarta-feira (15) pelo ministro Ricardo Lewandowski, que também instituiu uma nova faixa etária de recomendação: 6 anos. Até então, as categorias existentes eram livre, 10, 12, 14, 16 e 18 anos.

Lewandowski classificou a portaria como “especialmente inovadora” por contemplar a interatividade digital. A partir de agora, além de conteúdos envolvendo sexo, nudez, drogas e violência, a análise levará em conta riscos característicos de plataformas online, como possibilidade de contato com adultos desconhecidos, compras não autorizadas e interações potencialmente perigosas com agentes de inteligência artificial.

O objetivo, segundo o ministro, é “construir um ambiente midiático e digital mais seguro, educativo e respeitoso” para crianças brasileiras.

Outras ações anunciadas

No mesmo evento, o governo apresentou vídeos do programa Famílias Fortes, voltado à redução de fatores de risco relacionados à violência, saúde mental e uso de drogas. A meta é alcançar, até o fim de 2026, pelo menos 3 mil famílias.

O Executivo também aprovou projeto que dá prioridade à tramitação de processos criminais envolvendo mortes violentas de crianças e adolescentes. A proposta cria um sistema unificado de monitoramento para acelerar investigações de homicídio, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte quando as vítimas são menores.

Além disso, foi assinado o Pacto Nacional pela Escuta Protegida de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Entre as ações, está a implantação de um canal unificado para denúncias de violações online, com protocolo específico de atendimento.

Números da violência

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 mostram que as mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes cresceram 4,2 % nos últimos dois anos, totalizando 2.356 casos. O mesmo levantamento aponta aumento de 245,6 % nas interrupções do calendário escolar por violência.

No ambiente digital, foram registrados 2.543 casos de bullying e 452 de cyberbullying, concentrados entre crianças e adolescentes de 10 a 17 anos. A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, lembrou que o país tem mais de 54 milhões de menores de 18 anos e defendeu a ampliação de políticas públicas para assegurar seus direitos.

Entre as iniciativas recentes, o governo destacou a aprovação do ECA Digital, que estende as proteções do Estatuto da Criança e do Adolescente ao meio virtual.

Com informações de Paraíba Online