A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) realizou, na última terça-feira (21), uma audiência pública para discutir a retomada das obras da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis. O empreendimento, com 60% da construção concluída, está paralisado desde 2015 e gera despesa anual estimada em cerca de R$ 1 bilhão para manutenção.

Iniciada na década de 1980, a obra já consumiu R$ 21 bilhões. Levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) indica que, sem definição sobre a continuidade, o custo final pode ultrapassar em até R$ 43 bilhões o valor originalmente previsto de R$ 23 bilhões.

Durante o encontro, o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj, deputado Jorge Felippe Neto (Avante), ressaltou que a usina é “fundamental para a autonomia energética do país”. Segundo ele, Angra 3 poderá gerar 1.405 megawatts, suficiente para abastecer mais de 4,5 milhões de residências, mas ainda necessita de novos investimentos para ser concluída.

O deputado Marcelo Dino (União) destacou o potencial de geração de empregos. Hoje, cerca de 400 trabalhadores atuam na manutenção do canteiro; com a retomada, o número pode alcançar 3.500 postos de trabalho. “Terminar essa usina representa avanço econômico para Angra dos Reis, para o estado e para o Brasil”, afirmou.

Critérios de custo e eficiência

Representante da Associação de Trabalhadores da Nuclebrás Equipamentos Pesados, Flávia Azevedo criticou o gasto público com a obra parada. “A usina tem 60% das obras civis prontas e equipamentos já comprados, mas o país desembolsa cerca de R$ 1 bilhão por ano apenas para mantê-la inativa”, disse, defendendo que os recursos poderiam estimular a geração de emprego e renda na Costa Verde.

Para a diretora da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Gabriela Borsato, concluir Angra 3 garantiria retorno financeiro em médio prazo. Ela explicou que o investimento seria amortizado em 20 anos; após esse período, a tarifa de energia poderia cair até 75%. Borsato também comparou fatores de capacidade: usinas nucleares operam em média a 90%, enquanto fontes renováveis alcançam cerca de 40%, oferecendo energia de base disponível 24 horas por dia.

Não há, até o momento, definição do governo federal sobre a conclusão da usina.

Com informações de Agência Brasil