A Polícia Federal abriu inquérito para investigar possível desvio de recursos públicos na Prefeitura de Princesa Isabel, no Sertão da Paraíba, durante a administração do ex-prefeito Ricardo Pereira. A apuração, iniciada após análise preliminar de documentos bancários, aponta movimentações financeiras consideradas atípicas, realizadas entre 2017 e 2020, período em que Pereira ocupou o cargo.

De acordo com relatório inicial anexado ao procedimento, foram verificados saques em espécie em quantias significativas, emissão de cheques a terceiros sem vínculo funcional com a prefeitura e pagamentos que não constam nos sistemas oficiais de transparência, como o Sagres, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Os investigadores também destacam movimentações incompatíveis com a renda de servidores municipais e indicativos de um esquema estruturado para dificultar o rastreamento do dinheiro público.

Detalhes apontados pela PF

  • Saques realizados por intermediários que não integram o quadro de funcionários;
  • Cheques emitidos para pessoas fora da folha de pagamento da prefeitura;
  • Operações financeiras superiores à capacidade econômica de servidores;
  • Pistas de estratégias voltadas à ocultação do destino final dos valores.

Testemunhas ouvidas até o momento relataram que cheques da prefeitura circulavam como forma de pagamento de diversos serviços e que os valores eram retirados em espécie na agência bancária local por pessoas designadas para essa finalidade. A PF avalia se esse procedimento caracteriza tentativa de dificultar a rastreabilidade e, consequentemente, de mascarar um eventual desvio.

Ricardo Pereira rejeita acusações

Procurado pela reportagem, o ex-prefeito Ricardo Pereira classificou as suspeitas como “denúncias políticas” e lembrou que, segundo ele, mais de 120 representações apresentadas por adversários foram arquivadas anteriormente. “Estão usando tudo o que podem com denúncias mentirosas para chegarem ao poder. Sabemos o que fizemos e isso incomoda eles”, declarou.

Pereira afirmou que todos os cheques contestados estão lançados no Sagres e correspondem a despesas sociais de pequeno porte, como aquisição de fraldas, botijões de gás, medicamentos e exames médicos para moradores carentes. O ex-gestor acrescentou que toda a documentação comprobatória foi arquivada e encontra-se à disposição dos órgãos de controle. Ele também criticou o que chamou de “exposição injusta” de cidadãos simples envolvidos nas operações.

O inquérito segue em fase de coleta de provas. A Polícia Federal analisará novos extratos bancários, contratos, notas fiscais e continuará a ouvir servidores, fornecedores e demais pessoas relacionadas aos pagamentos. Não há prazo definido para a conclusão dos trabalhos.

Com informações de Polemicaparaiba