O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (10) a união das redes de produtos e serviços para animais de estimação Petz e Cobasi, impondo contrapartidas para preservar a concorrência.

Para concluir a operação, os grupos terão de alienar 26 pontos de venda localizados no estado de São Paulo, sobretudo na capital. Esses estabelecimentos representam cerca de 3,3% do faturamento conjunto registrado nos últimos 12 meses. Hoje, Petz e Cobasi somam 515 lojas distribuídas pelo país — 264 da Petz e 251 da Cobasi.

Remédios concorrenciais

Além da venda das unidades, o Cade determinou compromissos comportamentais, como limites a cláusulas de exclusividade. O relator, conselheiro José Levi Mello do Amaral, considerou que a concentração de medidas em São Paulo garante “reforço competitivo” no mercado mais sensível à operação.

A conselheira Camila Cabral Pires Alves discordou parcialmente. Para ela, não há certeza de que as lojas escolhidas sejam suficientes para eliminar riscos. “Mesmo após o remédio, continuaremos tendo uma quantidade relevante de mercados com problemas”, apontou em seu voto.

O presidente do órgão, Gustavo Augusto Freitas de Lima, destacou que o pacote foi elaborado levando em conta o interesse de possíveis compradores das unidades desinvestidas, entre eles a Petlove. “Se vai dar certo ou não é o que vamos medir e monitorar”, disse.

Reação do mercado

A Petlove foi a principal opositora da fusão. A companhia, focada no comércio eletrônico e com lojas físicas no Sul e Sudeste, sustentou que o novo grupo será “30 vezes maior que o terceiro colocado” e prejudicará a competição. Para a rival, vender até 28 lojas seria insuficiente. O Cade, entretanto, rejeitou o argumento, afirmando que os desinvestimentos e as restrições comportamentais são adequados.

Nos autos, Petz e Cobasi defenderam que a análise concorrencial deveria considerar o canal digital, pois consumidores comparam preços entre lojas físicas e on-line.

Números da nova empresa

Ao se juntar, a companhia passará a faturar cerca de R$ 7 bilhões por ano, algo próximo de 40% do mercado pet brasileiro, estimado em R$ 80 bilhões anuais. As sinergias devem gerar economia de custos de aproximadamente R$ 330 milhões.

Pelo acordo societário, os acionistas da Cobasi ficarão com 47,4% do capital, enquanto os da Petz deterão 52,6% e receberão R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões em dividendos.

Trâmite do processo

A Superintendência-Geral do Cade havia chancelado a operação sem condições em junho, mas a decisão foi revista após recurso da Petlove. Estudos internos da autarquia indicaram que, sem remédios, os preços poderiam subir até 15% em áreas onde Petz e Cobasi lideram.

Durante o julgamento, o conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes pediu regras claras para a venda das lojas caso apareçam vários interessados.

Perfil das companhias

Fundada em 2002, a Petz possui 7 mil funcionários, opera 264 lojas em 23 estados e no Distrito Federal, além de 112 clínicas e 15 hospitais veterinários. Entre as marcas controladas estão Seres, Adote Petz, Cansei de Ser Gato, Cão Cidadão e Zee.Dog.

A Cobasi, criada em 1985, também emprega aproximadamente 7 mil pessoas. São 251 lojas em 94 cidades e faturamento de R$ 3,2 bilhões em 2024. A empresa administra, ainda, as marcas Mundo Pet e Pet Anjo.

Monitoramento permanente

O Cade informou que acompanhará de perto o cumprimento das condições e os efeitos da fusão sobre preços, variedade de produtos e entrada de novos competidores. Com a aprovação, Petz e Cobasi passarão a operar mais de 480 lojas em quase 20 estados, além de canais digitais e serviços veterinários, consolidando a maior estrutura do varejo pet no país.

Com informações de Agência Brasil