João Pessoa — A mineira Daniela Marys de Oliveira, residente em João Pessoa desde novembro de 2024, foi julgada no Camboja por posse ilegal de drogas e terá a sentença divulgada em 12 de novembro. Presa desde março, ela sustenta, por meio da família, ter sido enganada por uma quadrilha que prometia emprego de telemarketing no país asiático.
Como funciona o processo penal cambojano
Documento analisado pela Human Rights Watch detalha que casos de drogas seguem etapas específicas: prisão, relatório da polícia, avaliação do promotor, instrução por um juiz e, por fim, julgamento por um colegiado de três magistrados. A lei não obriga que a decisão seja anunciada no mesmo dia da audiência. Na prática, o intervalo costuma chegar a duas semanas para que os juízes fundamentem o veredicto por escrito, prazo que se confirmou no caso de Daniela.
Condições da prisão
Enquanto aguarda o resultado, a brasileira permanece em uma penitenciária apontada pela imprensa local como superlotada e sujeita a inundações e registros de mortes de detentos.
Versão da família
Parentes afirmam que cápsulas de entorpecentes foram achadas em um banheiro coletivo usado por Daniela e outras pessoas. Segundo eles, a jovem foi incriminada pela organização criminosa que a recrutou. Além disso, a família perdeu R$ 27 mil ao pagar uma suposta multa de rescisão solicitada por golpistas que se passaram pela brasileira.
Tráfico humano na região
Para a ONG The Exodus Road, que atua no combate ao tráfico de pessoas, o episódio reflete um cenário recorrente no Sudeste Asiático. A entidade estima que mais de 300 mil migrantes estejam nessas condições, frequentemente aliciados por compatriotas via redes sociais.
Atuação do Itamaraty
O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso. A Embaixada do Brasil em Phnom Penh presta assistência consular conforme o protocolo para vítimas de tráfico internacional de pessoas. Em 2024, o Itamaraty auxiliou 63 brasileiros nessas circunstâncias, 41 deles na região sudeste do continente asiático.
Imagem: Internet
Daniela viajou ao Camboja no fim de janeiro de 2025, contra a vontade da família, atraída por promessa de emprego temporário em telemarketing. Até fevereiro, mantinha contato regular com a mãe, mas, no mês seguinte, surgiram mensagens suspeitas e, depois, a notícia da prisão.
A defesa espera receber a decisão judicial em 12 de novembro. Até lá, a brasileira continua detida, e seus familiares seguem em busca de apoio para repatriá-la.
Com informações de g1



