João Pessoa – O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) suspendeu o júri popular do vereador de Santa Rita Wagner de Bebê (PSD), preso desde 16 de outubro, e determinou a transferência do processo para outra comarca. A decisão foi assinada nesta sexta-feira (24) pelo desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos.

Julgamento adiado

O tribunal do júri estava marcado para 12 de novembro. O magistrado entendeu que o andamento do caso deve ser interrompido até que um novo foro seja definido, em razão de ameaças direcionadas a testemunhas, familiares da vítima e moradores da comunidade onde o crime ocorreu.

Ameaças e influência política

No despacho, o desembargador apontou “ameaças e coações diretas” atribuídas ao parlamentar desde 2016, data da tentativa de homicídio contra o jovem Eziel Felipe de Araújo. Segundo o texto, a ascensão de Wagner ao cargo de vereador ampliou seu poder local e gerou clima de medo em Bebelândia, bairro de Santa Rita que receberia o júri.

Relatos anexados ao processo indicam que os pais de Eziel e o próprio jovem foram obrigados a deixar a residência por receio de ameaças de morte “persistentes e crescentes”. Moradores também declararam, de forma anônima, que “todos têm medo de depor”, o que, para o tribunal, comprometeria a imparcialidade do julgamento.

Pedido do Ministério Público

A suspensão e a transferência foram solicitadas pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). O órgão também requereu medidas protetivas para a vítima e seus familiares, mas o desembargador negou alegando que essa competência cabe ao juízo de primeiro grau.

Defesa contesta

Em nota, a defesa do vereador classificou os argumentos utilizados na decisão como “totalmente improcedentes e desprovidos de lastro probatório consistente” e afirmou estar preparada para demonstrar a inocência do cliente quando o julgamento for remarcado.

Prisão por outro homicídio

Wagner de Bebê permanece recolhido no Presídio Especial Valentina de Figueiredo por suspeita de participação no homicídio de Luis Felipe, ocorrido em 13 de outubro deste ano, e numa tentativa de assassinato no dia anterior. Na ação que resultou na prisão, a polícia apreendeu duas armas de fogo no veículo do vereador; o material será periciado. O parlamentar passou por duas audiências de custódia: teve a prisão temporária convertida em preventiva no inquérito de homicídio e, no processo por porte ilegal de arma, a detenção foi mantida.

Não há nova data definida para o júri relacionado à tentativa de homicídio de 2016.

Com informações de g1 Paraíba