O ator Mateus Nachtergaele, eternizado como João Grilo no filme “O Auto da Compadecida”, foi homenageado nesta quarta-feira (22) com a medalha Augusto dos Anjos em sessão solene na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), em João Pessoa.
Durante entrevista ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM, concedida antes da cerimônia, Nachtergaele afirmou que a arte sempre traz um componente político. “Acredito que qualquer fazer artístico tem algo de político. ‘O Auto da Compadecida’, por exemplo, denuncia as injustiças financeiras, sociais e de classe que o Brasil vive”, declarou.
Personagens como retrato da desigualdade
Ao comentar a obra de Ariano Suassuna, o ator lembrou que João Grilo e Chicó representam “dois trabalhadores da última esfera possível”, analfabetos e submetidos a um patrão explorador, identificado na história como o padeiro. “O coronel é o agressivo dono das terras e a igreja aparece como corrupta”, resumiu.
Sem alinhamento político específico
Mesmo reconhecendo o teor crítico da peça, Nachtergaele destacou que o texto não se vincula a correntes partidárias. “Não faz parte de nenhum partido, não é um trabalho de esquerda ou de direita. É uma obra de arte com fundo político”, explicou. O ator acrescentou que, quando considera necessário, manifesta-se de forma mais explícita, mas que todo seu trabalho “é engajado de alguma forma”.
Reconhecimento cultural
A medalha Augusto dos Anjos foi proposta pelo deputado Felipe Leitão (Republicanos) e é destinada a artistas e produtores culturais que valorizam a cultura dentro e fora do país. Na abertura da sessão, a ALPB também fez referência a outra honraria estadual, a Epitácio Pessoa, concedida em anos anteriores a personalidades do meio artístico.
Imagem: reprodução
Nachtergaele agradeceu a distinção e lembrou sua ligação com a obra de Ariano Suassuna: “Devo muito a Ariano. Ele eternizou personagens que continuam atuais e essenciais para entendermos o Brasil”.
Com informações de ClickPB



