O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central resolveu, por unanimidade, manter a Taxa Selic em 15% ao ano, repetindo o patamar que vigora desde junho. A decisão, anunciada na noite desta quarta-feira (data da reunião), já era aguardada pela maior parte dos analistas do mercado financeiro.

Esta é a quarta vez seguida que a autoridade monetária opta por não alterar os juros básicos, que permanecem no nível mais alto desde julho de 2006, quando estavam em 15,25% ao ano. O ciclo de aperto começou em setembro de 2024, após a Selic ter atingido o piso de 10,5% em maio do mesmo ano.

Inflação volta ao intervalo da meta

A manutenção da taxa ocorre em um cenário de desaceleração dos preços. Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,18%, menor variação para o mês desde 2018. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses recuou para 4,46%, dentro do teto do sistema de meta contínua — que estabelece objetivo central de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Segundo o novo modelo, a meta é verificada mês a mês, sempre considerando o resultado acumulado em 12 meses. Dessa forma, a observação se desloca ao longo do tempo, deixando de se concentrar apenas no resultado fechado de dezembro.

No Relatório de Política Monetária divulgado em setembro, o Banco Central projetou IPCA de 4,8% para 2025, estimativa que será revisada no documento previsto para o fim de dezembro. O boletim Focus, compilado semanalmente pela autarquia com expectativas de instituições financeiras, aponta inflação de 4,4% no encerramento do próximo ano, ligeiramente acima do teto da meta (4,5%).

Impacto na atividade econômica

Juros elevados tendem a conter a demanda ao encarecer o crédito, auxiliando no controle de preços, mas também podem frear o crescimento. No mesmo relatório, o Banco Central reduziu de 2,1% para 2% a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. Já as projeções coletadas no Focus indicam avanço de 2,25% no período.

A Selic é referência para as demais taxas da economia, pois remunera os títulos públicos negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Quando o Copom eleva a taxa básica, o custo de empréstimos e financiamentos sobe, desestimulando consumo e investimento. Em contrapartida, cortes na Selic tendem a baratear o crédito e impulsionar a atividade, mas podem reduzir a eficácia do combate à inflação.

Para decidir pela redução dos juros, o colegiado do Banco Central afirma precisar de sinais consistentes de que a trajetória de preços está firme rumo à meta e que não há risco de nova aceleração.

Com informações de Agência Brasil