Soure (PA) – A Fazenda e Empório Mironga, localizada no município de Soure, na Ilha de Marajó, planeja implantar o Centro de Estudos da Bubalinocultura, iniciativa apontada como a primeira “universidade do búfalo” do país. A proposta, ainda sem data de inauguração, pretende concentrar pesquisas sobre genética, manejo, sanidade e aproveitamento integral do animal símbolo da região.
O projeto é capitaneado pelo fazendeiro Carlos Augusto Gouvêa, conhecido como Tonga. “Precisamos de gente estudando melhoramento genético, valor agregado ao leite, couro e carne, além de manejo e questões sanitárias”, afirma. Segundo ele, a futura estrutura deverá reunir profissionais de veterinária, agronomia, zootecnia, biologia, tecnologia de alimentos, turismo e medicina.
Turismo pedagógico sustenta a fazenda
Enquanto a ideia não sai do papel, a família mantém a Vivência Mironga, modalidade de turismo pedagógico criada em 2017. O programa permite que visitantes acompanhem a rotina da propriedade de 90 hectares, conheçam a produção de queijo artesanal de leite de búfala e participem de práticas agroecológicas.
“Hoje o turismo representa dois terços da renda da fazenda. Em setembro, registramos 400 visitantes, o nosso recorde”, destaca Gabriela Gouvêa, filha de Tonga e presidente da Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó (APLQM).
Queijo tradicional legalizado
Com origem secular, o queijo do Marajó é produzido a partir de leite cru e técnicas transmitidas de geração em geração. Após uma longa mobilização, a queijaria da Mironga tornou-se, em 2013, a primeira do arquipélago a obter inspeção oficial. Anos depois, o produto conquistou Indicação Geográfica concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O processo teve apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Café Dona Bila valoriza sabores locais
No centro de Soure, o Café Dona Bila reforça a presença do búfalo na gastronomia. A cearense Lana Correia inaugurou o espaço após iniciar um serviço de delivery em 2023. O cardápio mistura elementos da culinária nordestina, como cuscuz e tapioca, com ingredientes paraenses, especialmente queijo marajoara e carne de búfalo.
Imagem: Marcelo Camargo
De olho na COP30, que ocorrerá em Belém em novembro de 2025, a empreendedora lançou dois pratos que destacam produtos locais: Cuscuz de Murrá, preparado com filé de búfalo, e Cuscuz Praia do Amor, que leva camarão regional e queijo do Marajó.
Desafio ambiental
A pecuária bubalina enfrenta o desafio de reduzir emissões de gases de efeito estufa. Dados de 2023 do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apontam que bovinos e bubalinos emitiram 405 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente por meio da liberação de metano. O futuro Centro de Estudos da Bubalinocultura pretende incluir essa questão entre suas prioridades de pesquisa.
O arquipélago do Marajó concentra o maior rebanho bubalino do Brasil, estimado entre 650 mil e 800 mil animais, sobretudo nos municípios de Soure, Chaves e Cachoeira do Arari. Além da produção de alimentos, os búfalos são utilizados para transporte, policiamento e compõem a paisagem cultural da região.
Com informações de Agência Brasil



