O total de brasileiros que utilizam aplicativos como principal meio de trabalho subiu 25,4% entre 2022 e 2024, passando de 1,3 milhão para quase 1,7 milhão de pessoas. Os dados constam do módulo sobre plataformas digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Participação na força de trabalho
No mesmo intervalo, a fatia desses profissionais no conjunto da população ocupada aumentou de 1,5% para 1,9%. Em números absolutos, o país tinha 85,6 milhões de pessoas ocupadas em 2022 e 88,5 milhões em 2024.
Principais tipos de aplicativo
O levantamento considerou quatro modalidades mais comuns de plataformas:
- transporte particular de passageiros (exceto táxi): 53,1% dos trabalhadores;
- entrega de comida e produtos: 29,3%;
- serviços gerais ou profissionais: 17,8%;
- táxi: 13,8%.
Entre os 1,7 milhão de trabalhadores, 72,1% atuam como operadores de instalação e máquinas e montadores, classificação que engloba motoristas e motociclistas.
Informalidade elevada
Enquanto a taxa de informalidade geral no país é de 44,3%, entre os “plataformizados” ela chega a 71,1%. O IBGE considera informais empregados sem carteira assinada ou trabalhadores por conta própria sem CNPJ.
A pesquisa apontou os seguintes vínculos laborais nesse grupo:
- conta própria: 86,1%;
- empregadores: 6,1%;
- empregados sem carteira: 3,9%;
- empregados com carteira: 3,2%.
Perfil predominante
Homens representam 83,9% dos trabalhadores por app, ante 58,8% na população ocupada em geral; mulheres são 16,1%. Na distribuição etária, 47,3% têm entre 25 e 39 anos, e 36,2% entre 40 e 59 anos.
Imagem: Internet
Quanto à escolaridade, 59,3% concluíram o ensino médio e não terminaram o ensino superior; 16,6% possuem diploma universitário; 14,8% têm ensino fundamental completo ou médio incompleto; e 9,3% não concluíram o fundamental.
Concentração regional
Mais da metade dos trabalhadores por aplicativo (53,7%) está no Sudeste, seguido por Nordeste (17,7%), Sul (12,1%), Centro-Oeste (9%) e Norte (7,5%). No Sudeste, a participação desses profissionais na força de trabalho regional é de 2,2%, acima da média nacional de 1,9%.
Metodologia da pesquisa
O IBGE colheu as informações no terceiro trimestre de 2024, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho. Foram incluídas apenas pessoas que têm nos aplicativos a principal forma de intermediação de trabalho; atividades ocasionais não entraram nos cálculos. O módulo ainda é classificado como experimental e, nesta edição, não abrange plataformas de hospedagem ou aluguel de imóveis.
Debate jurídico
A relação entre motoristas e plataformas digitais está em discussão no Supremo Tribunal Federal, que deve julgar em novembro se há vínculo empregatício. Trabalhadores reivindicam reconhecimento de direitos trabalhistas, enquanto empresas e a Procuradoria-Geral da República negam o vínculo.
Com informações de Agência Brasil



