As disparidades socioeconômicas continuam influenciando diretamente quem consegue matricular filhos em creches e pré-escolas no Brasil. Essa constatação é apresentada no estudo inédito “O desafio da equidade no acesso à educação infantil: uma análise do CadÚnico e do Censo Escolar”, divulgado em 14 de dezembro de 2025. O levantamento foi elaborado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Ministério da Educação (MEC).

Utilizando informações do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e do Censo Escolar, os pesquisadores cruzaram dados de renda das famílias com registros de matrículas na educação infantil. O objetivo foi medir a distância que separa crianças de perfis socioeconômicos distintos do direito de frequentar creche ou pré-escola.

De acordo com o relatório, a renda familiar aparece como fator determinante para a presença ou a ausência das crianças na rede de ensino. Em outras palavras, quanto menor o poder aquisitivo do domicílio, maiores são as barreiras enfrentadas pelas famílias para inserir os filhos em instituições de educação infantil. A análise também evidencia que obstáculos históricos, como oferta insuficiente de vagas públicas e custos da rede privada, reforçam essa exclusão.

O material ressalta ainda que a educação infantil representa etapa crucial para o desenvolvimento cognitivo e social, prevista na legislação brasileira como direito de todas as crianças. Entretanto, os autores observam que a universalização do atendimento, meta estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE), continua distante justamente por causa do peso das diferenças socioeconômicas.

Embora o relatório não detalhe estratégias específicas, ele indica que políticas públicas mais direcionadas ao público de baixa renda são essenciais para reduzir o déficit de vagas e garantir condições de permanência na escola. Os responsáveis pelo estudo defendem a continuidade do monitoramento regular dos indicadores de matrícula, a fim de acompanhar avanços e identificar onde os investimentos são mais urgentes.

Segundo a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, os resultados pretendem subsidiar gestores federais, estaduais e municipais na formulação de programas que ampliem o acesso à creche e à pré-escola. A entidade reforça que a combinação de dados de diferentes bases oficiais oferece panorama mais preciso sobre quem está, de fato, dentro ou fora do sistema de ensino.

O estudo completo está disponível para consulta pública no portal da Fundação e foi encaminhado ao MEC para orientar decisões futuras sobre expansão de vagas, distribuição de recursos e planejamento de novas unidades escolares.

Com informações de Paraibaonline