Romeu Antunes Carvalho, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes — conhecido como “Careca do INSS” — foi preso na manhã desta quinta-feira (18) durante mais uma fase da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação apura um esquema de descontos ilegais aplicados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social.
Do emprego formal à sociedade nas empresas do pai
Antes de ser alvo da investigação, Romeu atuava como programador de sistemas na PicPay Instituição de Pagamentos e manteve vínculo com a empresa até setembro de 2023. De acordo com a PF, a partir de dezembro daquele ano ele passou a figurar como sócio em pelo menos quatro empresas controladas pelo pai e a participar, ainda que indiretamente, de outros três negócios.
Segundo os investigadores, essas companhias eram usadas para movimentar recursos obtidos com as fraudes e repassar valores a pessoas e entidades ligadas a servidores do INSS. Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, a renda de Romeu teria saltado de R$ 1,6 mil para R$ 107,6 mil mensais — um aumento de 63 vezes, considerado incompatível com sua trajetória profissional até então.
Outros alvos na operação desta quinta-feira
Além de Romeu, a PF cumpriu mandados contra:
- senador Weverton (PDT-MA), alvo de buscas e apreensões;
- Adroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que foi afastado do cargo e colocado em prisão domiciliar;
- Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, também preso.
O total de prisões ainda está sendo atualizado pela corporação.
Como funcionava o esquema de fraudes
A Operação Sem Desconto foi deflagrada inicialmente em 23 de abril. As investigações apontam que os envolvidos cobravam mensalidades irregulares sem autorização dos beneficiários, fazendo os descontos diretamente nos pagamentos de aposentados e pensionistas. Para dar aparência de legalidade, os valores eram debitados como se os segurados tivessem aderido a associações que alegavam oferecer assistência jurídica e vantagens em academias ou planos de saúde, mas que não possuíam estrutura para prestar tais serviços.
No total, 11 entidades são alvo de decisões judiciais e tiveram seus contratos com beneficiários suspensos. O esquema levou à crise que resultou no pedido de demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). Ele foi sucedido pelo então secretário-executivo, Wolney Queiroz, atual titular da pasta.
Ressarcimento aos segurados
Em julho, o governo federal anunciou a devolução, em parcela única, dos valores descontados sem autorização. Não há lista de prioridades para o pagamento. O prazo para contestar cobranças indevidas foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.
As solicitações de ressarcimento podem ser feitas pelos seguintes canais:
- Meu INSS (aplicativo ou site), no serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”;
- Central 135, de segunda a sábado, das 7h às 22h;
- Agências dos Correios, que oferecem atendimento assistido gratuitamente.
O pai de Romeu, detido em setembro, já era apontado como um dos principais articuladores do esquema. Com a nova fase da operação, a PF busca aprofundar a investigação sobre o fluxo financeiro das empresas familiares e identificar eventuais beneficiários entre servidores públicos e políticos.
As diligências prosseguem, e os materiais apreendidos serão analisados para quantificar os prejuízos causados aos cofres públicos e responsabilizar todos os envolvidos.
Com informações de G1



