Os trabalhadores empregados por fundações privadas e associações sem fins lucrativos (Fasfil) receberam, em 2023, remuneração média de R$ 3.630,71, o equivalente a 2,8 salários mínimos. O valor supera o registrado nas empresas do setor privado, cuja média ficou em 2,5 salários mínimos, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (18). No mesmo período, o salário mínimo médio foi de R$ 1.314,46.
A administração pública permaneceu no topo da escala salarial, pagando, em média, quatro salários mínimos. O estudo do IBGE utiliza dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre) e oferece uma radiografia detalhada das organizações sem fins lucrativos no país. Devido a mudanças metodológicas, os resultados de 2023 só podem ser comparados aos de 2022.
Expansão e participação
Entre 2022 e 2023, o número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos cresceu 4%, passando de 573,3 mil para 596,3 mil unidades. Esse contingente corresponde a 5% do total de organizações ativas no Brasil, estimado em 11,3 milhões.
As Fasfil empregaram 2,7 milhões de pessoas, o que representa 5,1% dos postos de trabalho formais no país, e concentraram 5% da massa salarial paga em 2023. Em média, cada instituição contava com 4,5 empregados; porém, 85,6% delas não possuíam nenhum trabalhador formal. Apenas 0,7% tinham 100 funcionários ou mais.
Perfil das entidades
O IBGE classifica como Fasfil associações comunitárias, fundações privadas, entidades religiosas, instituições educacionais e de saúde sem fins lucrativos. Não entram nessa categoria sindicatos, partidos políticos, condomínios nem órgãos paraestatais, como o Sistema S, que compõem outro grupo denominado apenas entidades sem fins lucrativos.
Religião responde pela maior fatia: 210,7 mil organizações, equivalentes a 35,3% do total. Em seguida aparecem cultura e recreação (89,5 mil), desenvolvimento e defesa de direitos (80,3 mil), associações patronais e profissionais (69,5 mil), assistência social (54 mil) e educação e pesquisa (28,9 mil). Há ainda áreas como meio ambiente e proteção animal, habitação (626 entidades) e outras finalidades (49,1 mil).
Emprego por atividade
Quase metade da força de trabalho das Fasfil está na saúde: 41,2% — cerca de 1,1 milhão de pessoas. Educação e pesquisa absorvem 27,7%, enquanto a assistência social responde por 12,7%. Hospitais concentram, em média, 269,7 empregados por instituição; outras unidades de saúde têm 132,5; estabelecimentos de ensino superior, 73,9; e do ensino médio, 73,8. No extremo oposto, entidades religiosas mantêm apenas 0,6 assalariado, em média.
Recorte de gênero
Mulheres representam 68,9% dos assalariados nas fundações e associações sem fins lucrativos, proporção bem superior ao percentual feminino no conjunto das organizações brasileiras, que é de 45,5%. Na educação infantil, a participação chega a 91,7%. Apesar da maior presença, elas ganham em média 19% menos que os homens, repetindo a desigualdade observada no mercado de trabalho nacional.
Ranking salarial médio (salários mínimos)
- Administração pública: 4,0
- Fundações privadas e associações: 2,8
- Entidades sem fins lucrativos: 2,6
- Entidades empresariais: 2,5
- Total de trabalhadores: 2,8
Para o coordenador de Cadastros e Classificações do IBGE, Francisco Marta, os números evidenciam a relevância econômica e social das Fasfil, que “complementam as ações de governo em serviços como saúde, educação, assistência social e defesa de direitos”, além de contribuírem “com bastante força na riqueza do país”.
Com informações de Agência Brasil




