O Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, referência para atendimento a queimados na 1ª macrorregião da Paraíba, informou que o mês de dezembro já provoca crescimento expressivo no número de pacientes vítimas de queimaduras. As confraternizações em residências, sítios e praias, aliadas à manipulação inadequada de fogo, gás e líquidos inflamáveis, são apontadas como principais fatores para a elevação dos registros.
Riscos frequentes
Cafeteiras que reproduzem o formato italiano, vendidas no comércio popular, lideram os acidentes domésticos. Muitas dessas peças utilizam vedação de borracha em vez de rosca metálica. Quando a borracha cede, a pressão da água superaquecida projeta a parte superior do utensílio e o líquido em ebulição atinge rosto e tórax, esclareceu o coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), médico Emilton Amaral.
Outro perigo recorrente são os vazamentos de gás. O especialista explica que, se o gás se acumula no ambiente e alguém aciona o interruptor de luz, a faísca é suficiente para provocar uma explosão com queimaduras profundas. Nas festas de fim de ano, o uso de álcool, líquido ou em gel, para acender churrasqueiras também representa ameaça. “Em locais iluminados, a chama do álcool praticamente não é vista. A pessoa pensa que não pegou fogo, adiciona mais combustível e ocorre a explosão”, detalhou Amaral.
Casos graves recentes
No início de dezembro, um homem de 42 anos tentou acender uma churrasqueira com óleo diesel durante uma confraternização e sofreu queimaduras em 49% do corpo. Ele permanece internado em estado grave na UTI do Hospital de Trauma. Já uma mulher de 64 anos teve lesões ao usar álcool em gel para acender um réchaud. “A chama parecia apagada; quando coloquei mais produto, o fogo se espalhou imediatamente”, relatou a paciente.
Números que preocupam
De 1º de janeiro a 9 de dezembro de 2025, a unidade contabiliza 1.091 atendimentos por queimadura. Em todo o ano de 2024 foram 1.148 ocorrências, e em 2023, 971. Em âmbito nacional, o Ministério da Saúde estima aproximadamente 1 milhão de acidentes desse tipo por ano, com cerca de 40 mil internações e 2.500 óbitos.
Primeiros socorros e prevenção
Em caso de queimadura, o hospital recomenda lavar a área afetada com água corrente fria por 15 a 20 minutos, retirar anéis e pulseiras, cobrir com pano limpo e buscar atendimento médico. Não se deve aplicar pasta de dente, manteiga, café, pomadas caseiras nem gelo, tampouco estourar bolhas ou remover roupas aderidas à pele.
Para evitar ocorrências, o médico orienta: não utilizar cafeteiras sem rosca metálica; jamais empregar álcool ou gasolina para acender churrasqueiras; verificar vazamentos de gás com solução de água e sabão, nunca com fogo; manter crianças afastadas da cozinha; e redobrar a atenção com fogos de artifício no Réveillon. “Grande parte dos acidentes poderia ser evitada com informação e cuidado”, reforçou Emilton Amaral.
Com informações de Paraiba



