João Pessoa, 2025 – Mônica Salmaso voltou aos palcos paraibanos com o espetáculo “Minha Casa”, apresentado no Intermares Hall, e transformou a noite em um reencontro carregado de canções que atravessam gerações da música popular brasileira. A cantora, acompanhada por seis músicos, conduziu o público por um repertório que combina composições consagradas e obras menos conhecidas, mas igualmente marcantes em sua trajetória.

O roteiro começou com “Saudações”, parceria de Egberto Gismonti com Paulo César Pinheiro gravada no final da década de 1970. Os versos convocaram a plateia a “ver os amigos e abraçá-los”, uma referência ao retorno dos encontros presenciais após o período de isolamento provocado pela pandemia da covid-19. Essa vivência foi sintetizada pela série de vídeos “Ô de Casas”, que a cantora produziu durante o confinamento e que inspirou a concepção do show atual.

Na sequência, a artista emendou uma tríade considerada “matadora” pelo público presente: “Assentamento”, de Chico Buarque; “Morro Velho”, de Milton Nascimento; e “Santa Voz”, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. “Morro Velho”, composta em 1967 e regravada por Elis Regina em 1977, manteve o caráter de denúncia das desigualdades sociais brasileiras, agora reforçado pelo ano de 2025 que intitula o projeto “RETRO”. A interpretação de Salmaso recebeu elogios pela delicadeza e pelo alcance vocal.

O repertório percorreu ainda “Valsinha” (Chico Buarque e Vinícius de Moraes), “A Violeira” (Tom Jobim e Chico Buarque), “Xote” (Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter) e “Paulistana Sabiá”, presente que o compositor Guinga enviou à cantora durante a pandemia. Peças como “Aparição de Gonzaga” (Ian Faquini e Guinga) e “Canto Sedutor” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) ampliaram o diálogo entre regiões do país. A menção a “Canto Sedutor” também recordou o trabalho do diretor de fotografia paraibano Walter Carvalho em produções televisivas.

Entre homenagens, Mônica citou Clementina de Jesus ao interpretar “Moro na Roça” e trouxe referências nordestinas em “Gírias do Norte”, coco assinado por Onildo Almeida e Jacinto Silva, popularizado na voz de Xangai. O bis foi encerrado com “Menina Amanhã de Manhã”, parceria de Tom Zé com Perna Fróes, celebrando a esperança na “felicidade que vai desabar sobre os homens”.

Durante pouco mais de uma hora e meia, a artista alternou canto, breves danças e diálogos descontraídos com a banda, mantendo o tom emotivo que marcou o espetáculo. A produção reafirmou o status de Mônica Salmaso como uma das principais intérpretes do país, sustentada por domínio técnico, carisma e escolha criteriosa de repertório.

“Minha Casa” segue em circulação nacional ao longo de 2025, mantendo a proposta de convidar o público a entrar simbolicamente na residência artística de Salmaso, construída com memórias afetivas e sonoras.

Com informações de Jornaldaparaiba