Cajazeiras (PB) amanheceu de luto nesta terça-feira (9) após a confirmação da morte de Erica Duarte, 32 anos, no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Subgerente comercial, ex-Rainha do Carnaval por três anos consecutivos e militante de causas sociais e de proteção animal, Erica não resistiu a complicações de saúde que vinham se agravando desde novembro.

A notícia abalou moradores do Sertão paraibano. Natural do bairro São Francisco, ela era formada em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e tinha forte atuação comunitária. Em 2020, concorreu a uma vaga na Câmara Municipal na chapa encabeçada pelo então candidato Marquinhos Campos. Durante a campanha, concedeu a única entrevista de sua vida pública à TV Diário do Sertão. O material, recuperado pelo quadro Arquivo Diário, mostra a candidata emocionada ao descrever a própria trajetória como “mulher negra, mãe, solteira” que venceu “diversas batalhas”.

Trajetória de superação

Filha de pais analfabetos, Erica relatou que aprendeu cedo a ler preços na feira e a identificar ônibus quando a família morou em São Paulo. As dificuldades financeiras foram citadas como principal barreira para a formação acadêmica. Mesmo aprovada no Instituto Federal da Paraíba (IFPB) — fato inédito para a Escola Galdino Pires Ferreira — ela abandonou o curso por não ter transporte: caminhava diariamente do bairro São Francisco até a instituição.

Posteriormente, concluiu o ensino médio e a graduação, marco que considerava “vitória em muitas batalhas”. No retorno à escola como estagiária, assumiu o papel de referência para crianças da comunidade e reforçava que residir na periferia não impede o sucesso. “Eu moro aqui”, dizia, buscando estimular novos estudantes.

Complicações de saúde

A militante enfrentava um quadro clínico delicado havia semanas. Em novembro, após múltiplas idas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), foi internada no Hospital Regional de Cajazeiras com diagnóstico de pneumonia. Exames posteriores apontaram um nódulo abdominal que necessitava de intervenção cirúrgica.

Erica recebeu alta em 25 de novembro para continuar o tratamento em casa, no bairro Tecedores, mas o estado piorou rapidamente. Ainda na mesma semana, sofreu parada cardiorrespiratória, foi reanimada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e voltou para a UTI do Hospital Regional, onde permaneceu intubada.

Diante da gravidade, a paciente foi transferida no domingo (7) para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Apesar dos cuidados intensivos, não sobreviveu. A unidade não divulgou a causa oficial do óbito.

Legado

Além da presença no comércio local, Erica era reconhecida pelo engajamento em movimentos sociais e pela defesa dos animais. A morte repentina deixa lacuna entre familiares, amigos e admiradores, que agora recorrem ao registro em vídeo para preservar a mensagem de perseverança deixada por ela: “Hoje é ajudar o tanto que eu fui ajudada”.





O município prepara homenagens, enquanto a TV Diário do Sertão mantém disponível a entrevista histórica que sintetiza a trajetória da ex-candidata.

Com informações de Diariodosertao