Uma mulher foi detida na manhã desta quinta-feira (18) no Espírito Santo sob suspeita de ter falsificado documentos da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Paraíba (OAB-PB) e, com isso, atuar como advogada para internos considerados chefes de facções criminosas. A prisão ocorreu durante operação da Polícia Civil capixaba.

A OAB-PB, apontada como emissora do registro que embasou a fraude, foi procurada, mas não se manifestou até a última atualização da reportagem.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram em agosto deste ano, após o Ministério Público Estadual encaminhar uma Notícia de Fato pedindo a checagem da inscrição da suposta advogada. Os policiais apuraram que a investigada usou um modelo disponível na internet para criar um certificado de aprovação no exame da Ordem datado de 1992. Caso fosse autêntica, a aprovação teria acontecido 23 anos antes da formatura em Direito, concluída pela suspeita somente em 2015.

Com o documento forjado, a mulher solicitou por e-mail, em outubro de 2017, a emissão da segunda via do certificado à OAB-PB. O pedido foi atendido, e ela conseguiu tanto a inscrição de advogada quanto a carteira profissional.

Consultada, a faculdade particular na qual a investigada afirma ter estudado informou que não houve registro de aprovação dela em qualquer exame da Ordem entre 2015 e 2017. A própria OAB-PB confirmou a falsificação.

Segundo a polícia, a carteira irregular possibilitou à suspeita realizar 218 atendimentos a detentos em estabelecimentos prisionais de segurança máxima no Espírito Santo. Entre as atividades constatadas estão o repasse de mensagens de presos ao meio externo e o protocolo de procurações em processos judiciais.

A maioria dos internos atendidos seria integrante ou liderança de organizações como Comando Vermelho, Primeiro Comando de Vitória (PCV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Associação Família do Crime (AFC).

Em depoimento, a mulher declarou ter sido coagida, sob ameaça de morte, a se casar com um desses detentos e a transferir valores recebidos de programas sociais para ele. Ainda segundo o interrogatório, ela afirma ter cobrado pelos atendimentos, admite o uso de documento falso, mas nega vínculo com as facções.

Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão, os agentes recolheram a carteira funcional da OAB-PB, vários bilhetes provenientes de internos e papéis ligados à inscrição fraudulenta. A diligência contou com a presença de um representante da Ordem no Espírito Santo.

Com informações de Jornaldaparaiba