A Polícia Federal aponta que assessores vinculados aos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) movimentaram aproximadamente R$ 27 milhões entre maio de 2018 e dezembro de 2024. Os dados constam do relatório que fundamentou a Operação Galho Fraco, deflagrada na última sexta-feira (19) para apurar suposto desvio de recursos da cota parlamentar da Câmara dos Deputados.
Operador principal teria transferido R$ 11 milhões
Segundo o documento, o principal operador do esquema seria Adailton Oliveira Santos, assessor especial do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante. Ele é acusado de movimentar cerca de R$ 11 milhões, concentrados sobretudo nos anos de 2023 e 2024. Para a PF, o volume manuseado é “incompatível com a capacidade econômica declarada do titular”.
Grande parte das transações atribuídas a Adailton não teve origem ou destino identificados. Há registros descritos apenas como “pagamentos diversos”, “lançamento avisado” ou direcionados a beneficiários classificados como “NOME NÃO IDENTIFICADO”. O relatório menciona que, sozinho, o assessor enviou R$ 2.789.526,93 a destinatários desconhecidos.
Transferências de parentes e outros assessores
A investigação também alcançou Florenice de Souza Santana, parente de Adailton. Ela teria movimentado R$ 4 milhões por meio de saques e depósitos, padrão que, para a PF, reforça a suspeita de ocultação da origem dos valores.
No núcleo ligado a Carlos Jordy, foi mapeada atuação do assessor Itamar de Souza Santana, apontado como operador em “movimentações suspeitas”. Entre créditos e débitos, Itamar manuseou cerca de R$ 5,9 milhões em cada ponta do fluxo financeiro. Outra investigada, Andrea de Figueiredo Desiderati, registrou aproximadamente R$ 6 milhões, identificados como oriundos da Câmara dos Deputados.
Uso de locadora de veículos e busca autorizada pelo STF
Os investigadores afirmam que o grupo utilizava uma locadora de veículos classificada como empresa de fachada para justificar gastos da cota parlamentar. De acordo com a PF, parte do dinheiro reembolsado pela Câmara retornava ao círculo dos envolvidos, prática vedada pelo regulamento interno.
Sete mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante as diligências, agentes apreenderam cerca de R$ 430 mil em espécie em um imóvel ligado a Sóstenes Cavalcante.
Deputados negam irregularidades
Ambos os parlamentares rechaçam qualquer ilegalidade. Em vídeo publicado nas redes sociais, Carlos Jordy afirmou ser alvo de “perseguição implacável” e qualificou as diligências como “covardes”, atribuídas a uma suposta “ditadura do Judiciário”.
Sóstenes Cavalcante declarou que o dinheiro apreendido corresponde à venda de um imóvel e que ainda não havia efetuado o depósito bancário. O deputado disse ter guardado a quantia em um guarda-roupa no flat onde mora. Reconheceu que a situação causa estranheza, mas alegou “lapso” na rotina: “Ninguém coloca dinheiro ilícito dentro de casa, gente”, afirmou.
Com base nas informações levantadas, a PF aponta indícios dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. A investigação prossegue para rastrear a origem dos recursos e confirmar o eventual desvio da cota parlamentar.
Com informações de Polemicaparaiba



