O ministro Luís Roberto Barroso comunicou nesta quinta-feira (9) que deixará o Supremo Tribunal Federal antes do prazo previsto para a aposentadoria compulsória. A decisão encerra uma trajetória de 12 anos na Corte, iniciada em 2013, quando foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff.

Barroso presidiu o STF em um momento histórico: sob seu comando, o tribunal proferiu a primeira condenação de um ex-chefe de Estado por tentativa de golpe de Estado no país. O processo intensificou o confronto entre o ministro, a instituição e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Conflitos com o bolsonarismo

A tensão com o grupo bolsonarista começou antes mesmo de Barroso assumir a presidência do STF, em 2023. Em novembro de 2022, em Nova York, ele respondeu a manifestantes pró-Bolsonaro com a frase “Perdeu, mané, não amola”, pronunciada poucas semanas após a derrota eleitoral do ex-mandatário. O bordão passou a ser repetido por apoiadores de Bolsonaro e chegou a ser pichado na estátua A Justiça, em frente à sede do Supremo, durante os ataques de 8 de janeiro.

Em julho de 2023, durante o 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o ministro voltou a ser alvo de críticas ao afirmar: “Nós derrotamos o bolsonarismo”. As declarações reforçaram as acusações de falta de imparcialidade feitas pelo grupo ligado ao ex-presidente.

Posse e discurso de pacificação

Apesar das controvérsias, ao tomar posse como presidente do STF, Barroso defendeu a necessidade de “unidade nacional” e pediu esforços para a pacificação do país. Ele permaneceu à frente da Corte até anunciar a saída antecipada nesta quinta-feira.

Com a aposentadoria, caberá ao presidente em exercício indicar um novo nome para ocupar a vaga. Barroso, por sua vez, conclui sua passagem pelo Supremo no auge de um dos períodos mais turbulentos da relação entre Judiciário e Executivo.

Com informações de paraibaonline.com.br