O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, neste sábado (18), em São Bernardo do Campo (SP), a ampliação dos gastos federais com educação, mesmo diante das possíveis críticas do mercado financeiro. O pronunciamento foi feito durante encontro da Rede de Cursinhos Populares (CPOP), no ginásio poliesportivo da cidade, diante de estudantes do ensino médio.
Lula criticou a resistência de setores da Avenida Faria Lima, polo financeiro de São Paulo, a novas despesas públicas. “É difícil, a Faria Lima vai brigar com a gente, o banqueiro vai reclamar. Nossa, esse governo está gastando R$ 13,8 bilhões com o Pé-de-Meia”, declarou, referindo-se ao programa que transfere recursos a alunos do ensino médio para reduzir a evasão escolar.
O presidente defendeu que o benefício seja universal, citando diferenças salariais mínimas entre estudantes que recebem ou não o repasse. “Tem um aluno que recebe o Pé-de-Meia e outro [na mesma classe] que não recebe. A diferença de salário é 50 centavos, 100 centavos. Precisamos aprovar a universalização para que todos tenham direito de estudar”, afirmou.
Doutrina educacional latino-americana
Durante o discurso, Lula também pregou a criação de uma “doutrina de educação latino-americana” conduzida por professores e estudantes da região. A ideia, segundo ele, é fortalecer a independência do continente e evitar que “um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil”, em referência indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Igualdade e combate à violência
O chefe do Executivo ressaltou que a histórica desigualdade do país restringiu oportunidades para mulheres, negros e indígenas. Para as mulheres, destacou que o acesso à educação pode elevar a renda e contribuir para afastar vítimas de relacionamentos abusivos. “Quero que a filha da empregada doméstica possa fazer o Enem ao lado do filho da patroa dela”, frisou.
Convite à política e críticas ao Congresso
Lula incentivou os jovens a participarem da vida política e criticou, sem citar nominalmente, a aprovação da chamada PEC da Blindagem pela Câmara. “Quando vocês verem que a classe política quer aprovar lei que garanta impunidade para ladrão, não desistam. Entrem na política, porque o político bom está dentro de vocês”, disse. E completou: “Não coloquem raposa para tomar conta do galinheiro.”
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom
Ministros presentes e expansão dos cursinhos
Os ministros Camilo Santana (Educação) e Fernando Haddad (Fazenda) acompanharam o evento. Santana anunciou que, no próximo ano, o governo pretende elevar de 384 para 500 o número de cursinhos populares apoiados pelo programa federal — período em que Lula deve concorrer à reeleição.
Segundo pesquisas recentes, a popularidade do presidente voltou a crescer após a imposição de tarifas comerciais contra o Brasil pelo governo norte-americano, medida retaliatória ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com informações de Paraíba Online



