A Prefeitura de João Pessoa publicou, nesta quinta-feira (11), uma portaria que endurece as regras de entrada nos recintos de animais do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica. A medida foi adotada depois que Gerson de Melo Machado, de 19 anos, invadiu o espaço da leoa Leona em 30 de novembro e acabou morto pelo animal.
O texto foi assinado em 3 de dezembro pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Welison Silveira, e entrou em vigor com a divulgação no Diário Oficial do Município. A determinação destaca a necessidade de reforçar a segurança em setores de acesso restrito, resguardar servidores e visitantes e garantir o bem-estar dos próprios animais.
Quem poderá entrar nos recintos
A portaria limita o acesso ao interior dos recintos a funcionários devidamente autorizados e a pessoas previamente liberadas pelo secretário ou pela diretoria técnica do parque. Qualquer indivíduo que não faça parte da rotina de manejo terá de solicitar permissão formalmente, apresentar documento de identificação e aguardar anuência da direção antes de entrar.
Servidores autorizados devem usar uniforme específico, além de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados à atividade. O ato proíbe a entrada de telefones celulares, câmeras ou dispositivos similares, exceto quando houver autorização expressa para uso desses aparelhos.
Reabertura segue sem data definida
O Parque Arruda Câmara permanece fechado ao público, e a gestão municipal não fixa prazo para reabertura. Segundo Welison Silveira, a retomada ocorrerá com limite de visitantes e novas ações de segurança. Entre as propostas estão a instalação de câmeras com inteligência artificial, maior controle de fluxo nos corredores e intensificação de atividades de educação ambiental. Também haverá treinamentos para servidores, incluindo protocolos de emergência.
Silveira afirmou que o recinto da leoa já excede as dimensões mínimas exigidas por normas ambientais: são cerca de sete metros de altura, sendo seis metros de muro e um metro de mureta inclinada. O local já conta com câmeras de monitoramento e presença de agentes ambientais e guardas municipais.
Investigação policial e providências do MP
No dia 4 de dezembro, a Polícia Civil informou não encontrar falhas estruturais no recinto. A delegada Josenise Andrade classificou o ataque como um fato “atípico” e afirmou que o espaço atende aos critérios técnicos. Peritos coletaram material no local e no corpo da vítima, além de requisitarem as imagens das câmeras de segurança.
O Ministério Público da Paraíba mantém dois procedimentos sobre a Bica. O primeiro analisa as providências adotadas pela administração municipal após a morte de Gerson. O segundo, sem ligação direta com o ataque, apura possíveis irregularidades ambientais apontadas pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema).
Detalhes do caso
Imagens registradas por visitantes mostram o momento em que Gerson escala uma estrutura lateral, utiliza uma árvore como apoio e entra no recinto da leoa. Logo em seguida, ele é atacado pelo animal. Familiares relatam que o jovem tinha diagnóstico de esquizofrenia e nutria fascínio por leões, alimentando o sonho de participar de um safári na África.
Após o incidente, o parque foi fechado e a prefeitura prometeu revisar protocolos de segurança. Com a nova portaria, a gestão municipal espera evitar ocorrências semelhantes e garantir a proteção de todos os envolvidos nas atividades da Bica.
Com informações de Jornaldaparaiba



