Voar encurta distâncias, mas impõe ao organismo condições bem diferentes do solo. Dentro da cabine pressurizada, o ar é mais rarefeito, a umidade é baixa e os passageiros costumam permanecer sentados por longos períodos. Essa combinação, segundo especialistas, pode dobrar a probabilidade de trombose venosa profunda em trajetos superiores a quatro horas, ainda que o evento seja incomum.

O que muda no corpo durante o voo

Mesmo pressurizados, os aviões operam com níveis de pressão equivalentes a altitudes elevadas. Nessa situação, o corpo recebe menos oxigênio, perde líquido com mais facilidade e permanece, em geral, imóvel. O resultado imediato costuma ser inchaço nas pernas e sensação de cansaço; porém, em pessoas suscetíveis, a circulação mais lenta favorece a formação de coágulos.

Por que a trombose preocupa

A trombose ocorre quando o sangue se movimenta devagar e forma coágulos nas veias, principalmente das pernas. O problema torna-se grave se parte desse coágulo se desprender e alcançar os pulmões, provocando embolia pulmonar — situação que pode causar falta de ar súbita, dor no peito, desmaios e, em casos extremos, morte. Sinais de alerta incluem inchaço em apenas uma perna, dor localizada, aumento de temperatura ou mudança de cor da pele após o desembarque.

Quem deve redobrar atenção

Alguns grupos enfrentam maior risco durante voos prolongados:

  • pessoas que já tiveram trombose ou embolia pulmonar;
  • pacientes oncológicos;
  • quem passou por cirurgia recente, especialmente nos membros inferiores;
  • gestantes e mulheres no pós-parto;
  • usuárias de anticoncepcionais hormonais;
  • indivíduos com obesidade, varizes importantes ou distúrbios de coagulação;
  • idosos;
  • passageiros em rotas que ultrapassam de quatro a seis horas.

Quando o embarque deve ser evitado

Determinadas condições exigem avaliação médica prévia ou adiamento da viagem, como infarto recente, insuficiência cardíaca descompensada, arritmias graves, acidente vascular cerebral recente, pneumonia ativa, cirurgia sem liberação, trombose em tratamento inicial, infecção severa ou febre alta.

Medidas simples reduzem o perigo

Levantarse e caminhar pelo corredor a cada uma ou duas horas, mover pés e tornozelos mesmo sentado, ingerir bastante água, evitar excesso de álcool e vestir roupas confortáveis são atitudes que ajudam a manter a circulação ativa. Para pessoas com fatores de risco elevados, médicos podem recomendar meias elásticas de compressão ou medicação preventiva. Pesquisas indicam que o simples hábito de se levantar regularmente já diminui de forma significativa a chance de trombose.

Na maioria dos casos, voar é seguro. Conhecer os efeitos da altitude, da imobilidade e da desidratação sobre o organismo e adotar cuidados básicos garantem uma viagem mais tranquila. Em trajetos longos ou na presença de doenças prévias, consultar o médico antes de embarcar continua sendo a orientação mais segura.

Com informações de Jornaldaparaiba